MAU USO

Cerca de R$ 29 milhões em emendas Pix foram usados por prefeituras para bancar shows e festas

Publicado em 13/10/2025 às 08:08
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Até o Padre Fábio de Melo participou das festas no interior de Minas Gerais (Foto/Revista Quem)

Prefeitos de diversas cidades mineiras estão usando emendas Pix, recursos federais enviados por deputados, para custear shows e eventos musicais, segundo levantamento do Estado de Minas.

Desde 2023, já foram gastos R$ 29 milhões com atrações artísticas financiadas por essas emendas, em 223 repasses diferentes.

Embora a prática não seja ilegal, especialistas afirmam que se trata de mau uso do dinheiro público, pois esses valores poderiam ser aplicados em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.

O caso mais emblemático é o de Pirapetinga, na Zona da Mata, onde o prefeito Luiz Henrique (PL) usou R$ 600 mil enviados pelo deputado Bruno Farias (Avante) para contratar duplas como Matheus & Kauan e João Neto & Frederico.

A cidade de Vespasiano, na Grande BH, lidera o ranking, com R$ 2,6 milhões em 13 shows pagos com emendas, incluindo César Menotti & Fabiano, Barões da Pisadinha e Padre Fábio de Melo.

Na sequência aparecem Pirapetinga (R$ 2,1 milhões), Ituiutaba (R$ 1,7 mi), Gurinhatã (R$ 1,5 mi), Itambacuri (R$ 1,2 mi) e Nanuque (R$ 1 mi).

Os cachês mais altos foram pagos a Leonardo, que recebeu R$ 1,8 milhão, e à dupla Jorge & Mateus, com R$ 650 mil em um único show na Expopec Ituiutaba.

O professor da UFMG Carlos Ranulfo critica o modelo, dizendo que as emendas Pix perpetuam o poder político, já que prefeitos e deputados utilizam os eventos para ganhar visibilidade em anos eleitorais.

Em 2024, ano de eleição municipal, o número de repasses disparou: foram 153 transferências, contra 40 no ano anterior.

Outra especialista, Juliana Fratini, define o uso das emendas em shows como um tipo de “marketing político disfarçado de lazer”, que busca associar a imagem do parlamentar a momentos de prazer do público.

Os pesquisadores defendem maior transparência e controle sobre as emendas, e até mesmo uma intervenção do Supremo Tribunal Federal para rever o sistema.

Hoje, o Executivo é obrigado a pagar essas transferências, o que, segundo Ranulfo, fragmenta o orçamento e reduz a capacidade do governo federal de investir em políticas públicas.

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