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Cidades de MG mais vulneráveis ao clima lideram desmatamento da Mata Atlântica em 2023

No Estado, 437 municípios apresentam vulnerabilidade alta, muito alta ou extrema às mudanças climáticas

O Tempo/Rayllan Oliveira
Publicado em 21/05/2024 às 10:23
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Governo de MG diz ter aumentado a fiscalização para evitar o avanço do desmatamento (Foto/Sisema/Divulgação)

Governo de MG diz ter aumentado a fiscalização para evitar o avanço do desmatamento (Foto/Sisema/Divulgação)

Dez municípios mineiros que apresentam vulnerabilidade extrema às mudanças climáticas e estão sob risco de desastres ambientais, conforme estudo da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), estão entre os mais que desmataram a Mata Atlântica em 2023. De acordo com levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica são cinco cidades no Vale do Jequitinhonha, três na região Norte e outras duas no Vale do Mucuri. Juntas, essas cidades somam 1.115 hectares de desflorestamento do bioma no Estado durante o último ano.

"O avanço do desmatamento ocorreu nas regiões de fronteira entre a Mata Atlântica com o Cerrado e a Caatinga. São áreas onde tem a expansão da agropecuária, com a criação de animais, plantio e cultivo de terra", explica o diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, Luiz Fernando Pinto.

As cidades mineiras fazem parte de um grupo com 30 municípios brasileiros que, juntos, são responsáveis por 68% do desmatamento da Mata Atlântica em todo o território nacional em 2023. O grupo reúne cidades da Bahia, do Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais e do Piauí. Os dois municípios que mais desmataram o bioma no último ano foram Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia, no Piauí, no Nordeste do país. 

Para Luiz Fernando Pinto, o levantamento serve como alerta ao poder público diante das mudanças climáticas. "Com o desmatamento, temos mais carbono na atmosfera e isso intensifica os eventos climáticos extremos. Isso se agrava ainda mais quando temos menos floresta, porque diminui a capacidade das cidades em resistir a esses fenômenos. É como se estivéssemos aumentando os riscos e abrindo mão da capacidade de proteção", reforça. 

O diretor-executivo da Fundação aponta que o aumento do desmatamento nessas cidades pode estar relacionado ao descumprimento da Lei da Mata Atlântica (11.428/2006). "As normas precisam ser reconhecidas e aplicadas nestes municípios. O texto é claro ao dizer que o corte da floresta só pode ser feito com fins sociais e de utilidade pública. O que temos percebido é a substituição da mata pela agricultura", alerta. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG), o Governo de Minas tem o compromisso em diminuir o desmatamento no Estado. Em 2023, foram realizadas mais de 47 mil ações de fiscalização, um aumento de 24% em relação a 2022. A pasta também garante que adquiriu 59 drones para a fiscalização, além da renovação da frota de veículos. "A Semad está finalizando a instalação das salas de Inteligência e de Situação de Combate ao Desmatamento", garante, em nota.  

Os investimentos, segundo Luiz Pinto, são fundamentais e o Estado "colhe resultados dessas ações". O estudo apontou que, de forma geral, o desmatamento especificamente da Mata Atlântica reduziu 57% em Minas Gerais. Em 2022, o desflorestamento foi de 7.456 hectares, número maior que os 3.193 de 2023. "É um resultado importante, que precisa ser comemorado, mas com cautela. Minas demonstra, assim como outros Estados, uma nova postura e uma presença mais assertiva nessa política", finaliza.

Porém, como mostrado em matéria de O TEMPO, em uma análise mais ampla – incluindo, além da Mata Atlântica, os biomas de Cerrados e Caatinga – a média de área desmatada cresceu 90,86% entre 2019 e 2022. O estudo do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do Mapbiomas, apontou que a média foi de 26.434 hectares em 2019 e 50.454 em 2022. Um desafio para que o Estado consiga reduzir a exposição a eventos climáticos extremos.  

Veja quais as dez cidades mineiras estão entre as 30 que mais desmataram a Mata Atlântica: 

  • Setubinha (Vale do Mucuri - MG) - 214 hectares
  • Novo Cruzeiro (Jequitinhonha - MG) - 189 hectares
  • Águas Vermelhas (Norte - MG) - 175 hectares
  • Caraí (Jequitinhonha - MG) - 103 hectares
  • Itaipé (Vale do Mucuri - MG) - 97 hectares
  • Rubelita (Norte - MG) - 70 hectares
  • Capitão Enéas (Norte - MG) - 68 hectares
  • Almerana (Jequitinhonha - MG) - 67 hectares
  • Cachoeira de Pajeú (Jequitinhonha - MG) - 66 hectares
  • Pedra Azul (Jequitinhonha - MG) - 66 hectares  

Veja quais as 30 cidades do país que mais desmataram o bioma em 2023:

  • Manoel Emídio (PI) - 3.033 hectares
  • Alvorada do Gurguéia (PI) - 2.887 hectares
  • Porto do Murtinho (MS) - 806 hectares
  • Iguatemi (MS) - 223 hectares
  • São Félix do Coribe (BA) - 219 hectares
  • Setubinha (MG) - 214 hectares
  • Brejolândia (BA) - 201 hectares
  • Novo Cruzeiro (MG) - 189 hectares
  • Águas Vermelhas (MG) - 175 hectares
  • Bodoquena (MS) - 170 hectares
  • Santa Rita de Cássia (BA) - 154 hectares
  • Coribe (BA) - 127 hectares
  • Cotegipe (BA) - 120 hectares
  • Riachão das Neves (BA) - 110 hectares
  • Caraí (MG) - 103 hectares
  • Tremedal (BA) - 103 hectares
  • Carinhanha (BA) - 99 hectares
  • Itaipé (MG) - 97 hectares
  • Bonito (BA) - 86 hectares
  • União (PI) - 80 hectares
  • Bonito (MS) - 76 hectares
  • Santa Luzia (BA) - 72 hectares
  • Rubelita (MG) - 70 hectares
  • Tapiramutá (BA) - 69 hectares
  • Capitão Enéas (MG) - 68 hectares
  • Almerana (MG) - 67 hectares
  • Cachoeira de Pajeú (MG) - 66 hectares
  • Pedra Azul (MG) - 66 hectares
  • Barra (BA) - 63 hectares
  • Mundo Novo (BA) - 63 hectares

Fonte: O Tempo

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