Autoridades locais seguem em busca do paradeiro da detenta
Brasileira foi condenada à prisão perpétua (Foto/Divulgação: Governo do Estado do Rio Negro/Argentina)
A brasileira Amanda Alves Ferreira, condenada à prisão perpétua por matar a mãe de seus filhos, fugiu da penitenciária onde estava detida na noite de terça-feira (6), em Bariloche, na Argentina. A fuga da prisão ocorreu por volta das 21h30 (horário local). Amanda, de 30 anos, vestia roupa escura, chapéu e tênis claro no momento da ação. As circunstâncias que permitiram a evasão da detenta continuam sob investigação.
As unidades policiais locais foram informadas e iniciaram operações de busca, que se prorrogaram ao longo desta quarta-feira (7). Em nota, a Secretaria de Comunicação do governo de Rio Negro informou que ações administrativas e judiciais foram instauradas para esclarecer como a fuga foi realizada.
Na época do crime, a brasileira não se identificava como mulher e usava o nome de batismo, Fernando. A mudança ocorreu após o início do processo, e o juiz do caso aceitou o pedido da defesa para ela ser tratada como Amanda nos documentos judiciais e expedidos pelo serviço penitenciário. As informações são do jornal argentino La Nácion.
SOBRE O CASO
Amanda foi condenada por matar Eduarda Santos de Almeida, de 26 anos, em fevereiro de 2022. O crime ocorreu próximo a uma rodovia em Bariloche. A vítima, também brasileira, era mãe dos filhos de Amanda.
A mulher foi morta com nove tiros de pistola, a uma distância menor que 1,2 metro. Na ocasião, após o assassinato, Amanda voltou para a casa em Bariloche e avisou a polícia sobre o suposto desaparecimento de Eduarda. Após o corpo ser encontrado por um turista, Amanda acabou presa e confessou o crime.
Fontes judiciais apontaram que Amanda e Eduarda se conheceram anos antes do crime, no Brasil. Por motivo não especificado, Amanda se mudou para Bariloche e se casou com um homem. Como o casal não podia ter filhos, Amanda contratou Eduarda para fazer barriga de aluguel, segundo o site local Diario Río Negro.
A jovem engravidou e teve gêmeos (que foram registrados pelo marido de Amanda), mas depois voltou para o Brasil, onde acabou engravidando de outra pessoa. Na ocasião, Amanda pediu que a amiga voltasse para a Argentina e afirmou que registraria a criança. O então companheiro de Amanda morreu em 2021.
Amanda teria começado a se incomodar por dividir a guarda dos filhos com a vítima. Ela também queria voltar para o Brasil, mas Eduarda não concordava. Os investigadores acreditam que essa foi a motivação para o crime.
O procurador do caso, Martín Lozada, disse que o homicídio foi "traiçoeiro", e apontou que a vítima não teve opção de se defender, pois estava com a agressora em um local escuro e distante da residência onde viviam.
A defesa de Amanda pediu que a prisão perpétua fosse desconsiderada. Nelson Vigueiras, advogado de Amanda, ponderou que a pena "ultrapassa o limite da culpa nos diversos graus e é cruel, desumana e degradante". Ele ressalta que a cliente tinha "características paranoicas" no momento do assassinato.
Juan Martin Arroyo, juiz responsável pelo julgamento, rejeitou o pedido da defesa para analisar as possíveis características paranoicas. O magistrado reiterou que o relatório psiquiátrico feito em Amanda demonstrou que ela não foi afetada ou sofreu perda de realidade durante o crime.
Fonte: O Tempo