Explosão de estradas na Coreia do Norte (Foto/Ministério da Defesa da Coreia do Norte/AFP)
Em uma demonstração simbólica de raiva, a Coreia do Norte explodiu nesta terça-feira, 15, estradas não utilizadas que ligavam o país a Coreia do Sul, em meio a acusações de que drones de Seul sobrevoaram a capital da Coreia do Norte, Pyongyang.
A demolição coreografada das estradas sublinha a crescente raiva da Coreia do Norte contra o governo conservador da Coreia do Sul O líder norte-coreano, Kim Jong Un, prometeu romper relações com a Coreia do Sul e abandonar o objetivo de alcançar a unificação pacífica da Coreia.
Analistas dizem que é improvável que Kim lance um ataque preventivo e em grande escala contra a Coreia do Sul por conta do receio de que uma retaliação massiva quase certa por parte das forças mais superiores dos Estados Unidos e da Coreia do Sul possa ameaçar a sobrevivência de Pyongyang.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que trata dos assuntos com a Coreia do Norte, condenou separadamente as detonações de Pyongyang como uma medida "altamente anormal" e "regressiva" que viola acordos intercoreanos anteriores.
Um vídeo fornecido pelo Exército da Coreia do Sul mostrou uma nuvem de fumaça branca e cinza emergindo da explosão em uma estrada perto da cidade fronteiriça de Kaesong. Caminhões da Coreia do Norte foram vistos limpando os escombros. Outro vídeo mostrou fumaça saindo de uma estrada costeira perto da fronteira leste.
A Coreia do Norte tem um histórico de encenar a destruição coreografada de instalações no seu próprio solo como uma mensagem política.
Explosões simbólicas
Em 2020, a Coreia do Norte explodiu um edifício vazio de escritórios construído pela Coreia do Sul, a norte da fronteira, em retaliação a protestos de cidadãos da Coreia do Sul contra o regime no Norte. Em 2018, a Coreia do Norte demoliu túneis no seu local de testes nucleares, no início da diplomacia nuclear com os Estados Unidos. Em 2008, a Coreia do Norte explodiu uma torre de arrefecimento no seu principal complexo nuclear, em meio a negociações anteriores de desarmamento.
Destruir as estradas, que foram construídas principalmente com dinheiro sul-coreano, estaria em linha com a ordem do líder Kim Jong Un, em janeiro, de abandonar o objetivo da unificação pacífica da Coreia e designar formalmente a Coreia do Sul como o "principal inimigo invariável" do país. Essa ordem surpreendeu muitos analistas porque parecia romper com a política de seus antecessores de unificar pacificamente a Península Coreana nos termos do Norte.
Influência
Especialistas dizem que o líder da Coreia do Norte provavelmente pretende diminuir a voz da Coreia do Sul no impasse nuclear regional e procurar negociações diretas com os Estados Unidos. Kim também pode esperar diminuir a influência cultural sul-coreana e reforçar o governo dinástico da sua família no seu país.
A Coreia do Norte acusou a Coreia do Sul de infiltrar drones em seu território para lançar panfletos de propaganda contra o regime em três ocasiões neste mês e ameaçou responder com força se isso acontecesse novamente. Seul se recusou a confirmar se enviou drones, mas alertou que a Coreia do Norte enfrentaria o fim do seu regime se a segurança dos cidadãos sul-coreanos fosse ameaçada.
O Ministério da Unificação sul-coreano disse que as estradas e as ligações ferroviárias foram construídas com materiais e equipamentos sul-coreanos no valor de US$ 132,9 milhões, fornecidos sob a forma de empréstimos, e que a Coreia do Norte ainda precisa pagar o dinheiro de volta.