Jucimar Fonseca é acusado de inconsistências em suas declarações e de apoiar convênios que resultaram em descontos bilionários a aposentados e pensionistas
Jucimar Silva foi levado para a Delegacia do Senado por determinação do presidente da CPMI, Carlos Viana (Foto/Waldemir Barreto/Agência Senado)
A CPMI do INSS prendeu, na madrugada desta terça-feira (2/12), Jucimar Fonseca da Silva, ex-coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, ao fim de seu depoimento. A ordem de prisão partiu do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após aproximadamente nove horas de oitiva.
Viana justificou a prisão apontando supostas contradições no depoimento e lembrando que Jucimar já havia se recusado a comparecer anteriormente à CPMI. O ex-coordenador faltou a duas convocações, apresentou atestados médicos e não se submeteu à perícia exigida pelo Senado.
Segundo o presidente da CPMI, os argumentos apresentados pelo ex-coordenador não foram suficientes para esclarecer as inconsistências apontadas. “Quem nada deve não foge. Quem confia na própria inocência não evita depor”, afirmou Viana.
Jucimar foi convocado para explicar por que, mesmo com parecer contrário do Ministério Público, apoiou a liberação de descontos em massa na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, prática que a CPMI investiga como possível fraude contra beneficiários do INSS.
Em sua defesa, o ex-coordenador afirmou que não tinha poder decisório para impedir os convênios investigados e que sua atuação se limitava ao campo técnico. Ele também disse que o INSS não recebeu o volume de reclamações divulgado pela imprensa.
Contudo, integrantes da CMPI questionaram os pareceres favoráveis assinados por ele para entidades como a Contag e a Conafer, ambas investigadas por supostas irregularidades, justamente no período em que os descontos vinculados a esses convênios passaram de valores modestos para bilhões de reais.
Até a publicação desta reportagem, não havia informações sobre o pagamento de fiança ou sobre a situação atual de Jucimar Fonseca, incluindo se ele permanecia detido.
Viana quer prorrogar CPMI
Carlos Viana admitiu sua intenção de pedir a prorrogação dos trabalhos da comissão que investiga o esquema de corrupção no INSS por mais 60 dias. Inicialmente, a comissão encerrará as atividades até 28 de março de 2026, e Viana pretende prorrogá-la até maio.
O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), também defende a prorrogação. Segundo ele, o grande volume de informações já levantadas e o número de pessoas ainda aguardando para depor justificam a ampliação do prazo de investigação.
A decisão, contudo, depende do presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que desde o início demonstra pouca disposição para estender o prazo de funcionamento da comissão.
Fonte: O Tempo