PERIGO

Desafio do desodorante continua após morte de menina e ganha variações no TikTok e no Kwai

Um mês após o caso, a polícia ainda não trouxe atualizações sobre a morte

Publicado em 18/05/2025 às 10:11
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Sarah Raissa Pereira de Castro inalou desodorante (Foto: Redes sociais / Reprodução)

Sarah Raissa Pereira de Castro inalou desodorante (Foto: Redes sociais / Reprodução)

A morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, após supostamente participar do “desafio do desodorante” divulgado em redes sociais, escancara a urgência de um debate sério sobre o acesso irrestrito de crianças a conteúdos potencialmente letais na internet. Apesar da tragédia e da comoção gerada, vídeos semelhantes seguem sendo publicados em plataformas como TikTok e Kwai, muitas vezes disfarçados de alertas, mas que na prática funcionam como tutoriais perigosos.

O relatório coordenado pela psicóloga Fernanda Rasi Madi revela que esses desafios não apenas persistem nas redes, mas evoluem com o tempo, sendo adaptados e disfarçados para burlar a moderação. A presença de hashtags ligadas à saúde mental, segundo ela, expõe uma estratégia para atingir jovens psicologicamente vulneráveis — especialmente aqueles que buscam validação social e sofrem com o chamado Fomo (medo de ficar de fora).

Plataformas como o TikTok, mesmo após o envio de quase 30 links de vídeos problemáticos, responderam com generalidades, sem especificar quantos conteúdos foram realmente removidos. Já o Kwai sequer se pronunciou. Essa omissão, somada à recorrência desses vídeos, evidencia o fracasso ou a insuficiência dos mecanismos de moderação dessas redes sociais, que continuam permitindo a disseminação de conteúdos que colocam a vida de crianças em risco.

Além do impacto imediato de desafios como esse, Madi aponta para um panorama ainda mais sombrio: a entrada de jovens em comunidades online de radicalização, nas quais são expostos progressivamente a conteúdos de extrema violência. Os desafios seriam apenas a "porta de entrada", criando dessensibilização emocional e abrindo caminho para a integração em grupos extremistas que usam táticas de gamificação para atrair e manipular.

O caso também gerou tensões políticas. Após críticas da primeira-dama Janja à atuação do TikTok, durante um jantar na China, o presidente Lula defendeu publicamente a regulamentação das redes no Brasil. O episódio revela o desconforto crescente entre autoridades e plataformas digitais, cuja responsabilidade sobre o conteúdo divulgado ainda é, em grande parte, negligenciada.

Enquanto isso, a morte de Sarah Raíssa segue sem respostas concretas. A investigação ainda não concluiu em qual plataforma ela viu o vídeo que teria motivado sua ação. O celular da menina está em perícia e, até agora, nenhuma atualização foi divulgada pela polícia. A impunidade e a persistência desses conteúdos reforçam a urgência de um marco regulatório que proteja o público mais vulnerável da sociedade: nossas crianças.

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