Dia Mundial da Síndrome de Down reforça a necessidade da inclusão social

A síndrome de Down não é uma doença e sim, uma condição genética. Dos 46 pares de cromossomos do nosso DNA, o de número 21, ao invés de ser uma dupla, se apresenta de forma tripla, um simples detalhe genético, mas que altera todas as características do portador. Por essa razão, neste dia 21 de março, foi instituído o dia internacional da Síndrome de Down, uma data para conscientizar a necessidade de inclusão dessas pessoas. Com mais de 60 anos em atividade, a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae-BH), por exemplo,  trabalha com esse intuito: dar dignidade e qualidade de vida a quem precisa.

“A gente oferece todas as especialidades em atendimento à pessoas com Down, desde a estimulação precoce, que a gente prefere chamar de estimulação essencial, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. Quanto mais cedo a pessoa recebe esses estímulos, mais rápido ela responderá. Aqui, o trabalho busca desenvolver autonomia, independência e a inclusão social, para isso, atua tanto na defesa de direitos, quanto no acolhimento dessas famílias, na orientação como uma grande rede de apoio”, explica a gerente de promoção à saúde da Clínica Intervir, da Apae-BH, Leda Fioravante Diniz.

A Giovana, de 4 anos, é uma das pessoas com down atendida na associação. Ela tem algumas limitações na forma de se expressar verbalmente, e, por isso, o atendimento dela é com foco na comunicação. O trabalho acontece uma vez à semana de forma lúdica e com muitas brincadeiras, adaptado para que ela compreenda o conteúdo e se desenvolva.

"Giovana é muito inteligente, mas tem apraxia de fala, que é a dificuldade de articular os sons, então, a gente trabalha com um método multi-gestos, em que as mãos ajudam na fala.  A gente também usa o caderno e conta com o apoio da mãe para que entenda os sons e aprenda a reproduzí-los”, detalha a fonoaudióloga Mônica Trindade.

A mãe da criança, Lilian Rezende, garante que o atendimento na Apae-BH já traz benefícios, mas pontua que a inclusão fora dali ainda tem muito a evoluir.

“Ela já teve várias evoluções, ainda não consegue articular frases inteiras, mas consegue pronunciar as palavras e tem um bom entendimento. Sei que ela tem as limitações dela, mas gostaria que as coisas fossem diferentes. Pessoas como ela ainda são minorias, e faltam espaços para acolhê-los. A sociedade ainda não sabe como lidar, nem mesmo a gente, enquanto pais, por isso acredito que muito precisa melhorar para garantir a eles todas as oportunidades”, afirma.  

A opinião é compartilhada pela gerente da Apae, que afirma que a inclusão é um dever de toda a sociedade.”

"Precisamos pensar nas questões atitudinais, nas melhorias que podemos fazer para essas pessoas. Fala-se muito das questões arquitetônicas, mas vai muito além disso. Aqui fazemos uma série de atendimentos em diversas especialidades para ajudar no desenvolvimento dessas pessoas e garantir mais qualidade de vida e dignidade para elas. É um trabalho contínuo e multidisciplinar, mas todas as pessoas podem fazer alguma coisa", conclui.

O atendimento da Apae-BH é totalmente via Sistema Único de Saúde e para ser contemplado, o paciente precisa buscar um dos Centros de Saúde da capital e ser direcionado à associação.

Fonte: O Tempo