Saúde mental e financeira estão intimamente relacionadas, sugere levantamento da Serasa (Foto/Daniel Reche/Pexels)
A velha máxima diz que dinheiro não traz felicidade. O que os dados mostram é que a falta dele, contudo, pode arruiná-la. Com a chegada do Setembro Amarelo, a Serasa divulgou uma pesquisa, nesta terça-feira (03/09), que demonstra: a vida financeira e a saúde mental estão conectadas. Pouco mais da metade dos brasileiros, 55%, afirmam já ter vivido problemas que afetaram tanto a mente quanto o bolso.
A ansiedade é a primeira do ranking das questões de saúde mental dos entrevistados e afeta 48% deles. Nem todos os casos estão diretamente relacionados ao dinheiro, mas a psicóloga Valéria Meirelles, especializada em questões financeiras, pontua como o bolso impacta na mente. “A ansiedade é uma preocupação orientada para o futuro. Quem está com as contas sem fechar está o tempo inteiro orientado ao momento seguinte, a como pagar as contas. Não fica com o pé só no presente, mas no futuro”.
Quanto menos dinheiro na conta, maior a ansiedade. Ela é relatada por 40% das pessoas de renda alta. Entre as de renda baixa, a porcentagem sobe para 52%. É um problema que se alimenta. Os sufocos financeiros aumentam a ansiedade, que dificulta lidar com o trabalho e, consequentemente, com as dívidas.
A pesquisa da Serasa mostra que 76% dos brasileiros com a saúde mental e financeira comprometida passam a trabalhar pensando somente nas contas para pagar, mesmo percentual que diz passar a maior parte do tempo preocupada. Além disso, uma parcela similar de entrevistados revela que não consegue pedir ajuda, pois avalia que resolveria tudo sozinho.
“Vai se construindo uma espiral negativa de isolamento. Sempre achamos que vamos dar conta, que resolver sozinho é a primeira alternativa, mas não resolve. Quem é a pessoa da sua rede em que você confia para ajudar a dar o primeiro passo?”, aconselha Meirelles.
Quatro em cada dez brasileiros gastam com saúde mental
O dinheiro também é uma questão nos tratamentos e na prevenção ao adoecimento mental. Cerca de quatro em cada dez brasileiros (43%) têm gastos fixos com saúde mental. A maior parte, com medicamentos — nem todos os remédios indicados para ansiedade e depressão, por exemplo, estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia é o terceiro gasto mais frequente, atrás dos esportes, também considerados pelos entrevistados como uma estratégia de saúde mental.
Pouco mais da metade das pessoas que têm custos recorrentes com saúde mental, 53% delas, gasta até R$ 300 por mês. Na lista de gastos prioritários dos entrevistados, eles aparecem em sexto lugar, à frente de gastos com automóveis e educação. “Quando falamos em prevenção, é um investimento”, finaliza a psicóloga Valéria Meirelles.
Fonte: O Tempo.