PIB

Economia brasileira girou R$ 2,9 tri no 2º trimestre; confira

PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024 ante o primeiro e 3,3% na comparação com o mesmo período de 2023

O Tempo/Karlon Aredes
Publicado em 03/09/2024 às 10:59Atualizado em 03/09/2024 às 11:00
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O Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024 frente ao primeiro trimestre de 2024, para um valor corrente de R$ 2,9 trilhões, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou nesta terça-feira (3/9) o IBGE. Em quatro trimestres (um ano) o PIB cresce 2,5%. Já na comparação entre o segundo trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 3.3%.  
Pela ótica da produção, os serviços (1,0%) e a indústria (1,8%) cresceram no segundo trimestre deste ano, enquanto a agropecuária (-2,3%) recuou.

O crescimento na Indústria se deve aos desempenhos positivos das atividades de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (4,2%), construção (3,5%) e das indústrias de transformação (1,8%). Por outro lado, houve queda de 4,4% nas indústrias extrativas, segundo informou o IBGE nesta terça-feira (3/9).

 Nos serviços, houve altas em atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (2,0%), informação e comunicação (1,7%), comércio (1,4%), transporte, armazenagem e correio (1,3%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,0%), atividades imobiliárias (0,9%) e outras atividades de serviços (0,8%).

Pela ótica da despesa, a despesa de consumo das famílias (1,3%), a despesa de consumo do governo (1,3%) e a formação bruta de capital fixo (2,1%) cresceram em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Quanto ao setor externo, as exportações de bens e serviços subiram 1,4%, enquanto as importações de bens e serviços cresceram 7,6% em relação ao primeiro trimestre de 2024, informou o IBGE

PIB cresce 3,3% frente ao mesmo trimestre de 2023

Comparado a igual período do ano anterior, o PIB cresceu 3,3% no segundo trimestre de 2024. O valor adicionado a preços básicos aumentou 3,0% e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios avançaram 5,4%.

A agropecuária recuou 2,9% em relação a igual período de 2023. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em agosto mostrou queda na estimativa de produção anual e perda de produtividade em culturas com safras no segundo trimestre, como milho (-10,3%) e soja (-4,3%). Esses recuos suplantaram o bom desempenho de culturas como o café (6,6%) e do algodão herbáceo (10,8%), por exemplo.

A indústria cresceu 3,9%, com destaque para eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos que subiu 8,5%, resultado favorecido pelo aumento de consumo de energia em todas as classes, principalmente residencial, e pela continuidade da bandeira tarifária verde. A construção, por sua vez, cresceu 4,4%, com o aumento de seus insumos típicos e da ocupação da atividade.

As indústrias de transformação tiveram sua segunda alta consecutiva (3,6%), após terem recuado em todos os trimestres de 2023. Tal resultado decorreu das altas na indústria alimentícia, em outros equipamentos de transporte, em máquinas e aparelhos elétricos e em móveis. As indústrias extrativas (1,0%) também avançaram, com o aumento na extração de petróleo e gás. 
 O valor adicionado dos serviços avançou 3,5% ante o mesmo período do ano anterior. Houve resultados positivos em todos os setores: informação e comunicação (6,1%), outras atividades de serviços (4,5%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (4,0%), comércio (4,0%), atividades imobiliárias (3,7%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,9%) e transporte, armazenagem e correio (0,7%).

No segundo trimestre de 2024, a despesa de consumo das famílias cresceu 4,9%. Esse resultado foi influenciado pelo aumento tanto na massa salarial real como no crédito disponível às famílias e pelos juros menores. A despesa de consumo do governo (3,1%) também apresentou elevação em relação ao segundo trimestre de 2023.

A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 5,7% no segundo trimestre de 2024. Esta alta é justificada, pelo crescimento da produção doméstica e importação de bens de capital, além dos bons desempenhos na construção e no desenvolvimento de sistemas de informática.

No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 4,5% e as Importações de bens e serviços subiram 14,8% no segundo trimestre de 2024. A expansão nas exportações é explicada, principalmente, pela extração de petróleo e gás natural; indústria alimentícia; agropecuária; e derivados do petróleo. Os destaques nas importações foram: indústria automobilística; produtos químicos; produtos de metal; agropecuária e serviços.

Em quatro trimestres, PIB acumula alta de 2,5%, ante o mesmo período de 2023

O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em junho de 2024 cresceu 2,5% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou da alta de 2,4% do Valor Adicionado a preços básicos e de 2,7% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. O resultado do Valor Adicionado nesta comparação decorreu dos seguintes desempenhos: agropecuária (0,0%), indústria (2,6%) e serviços (2,6%).

Na indústria, a eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (7,3%), as indústrias extrativas (6,2%), as indústrias da transformação (0,7%) e a construção (0,6%) se expandiram.

Nos serviços, houve resultado positivo em todas as atividades: atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (4,8%), atividades imobiliárias (3,5%), outras atividades de serviços (3,1%), informação e comunicação (2,9%), comércio (1,8%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,4%) e transporte, armazenagem e correio (0,7%). 
Houve aumentos na despesa de consumo das famílias (3,7%) e na despesa de consumo do governo (2,4%), enquanto a formação Bruta de Capital Fixo (-0,9%) apresentou queda pelo quarto trimestre consecutivo.

No setor externo, as exportações de bens e serviços apresentaram alta de 7,0%, enquanto as importações de bens e serviços avançaram 4,1%.

Economia está em recuperação; confira análises 

Para André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, esse dado reforça, para o mercado financeiro, a aposta de que o Copom irá aumentar a taxa de juros em 0,25% na reunião desse mês (setembro). "O crescimento do PIB evidencia a solidez da economia brasileira, que continua surpreendendo mesmo com a taxa de juros no patamar de dois dígitos. Diferente do ano anterior, o crescimento do PIB foi motivado pelo avanço da indústria e dos serviços, enquanto a agropecuária apresentou contribuição negativa para o resultado", analisou.

Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), comemorou o resultado e disse que os números superaram as expectativas do mercado. "A economia brasileira teve um crescimento puxado especialmente pela ótica da oferta, pela indústria, que tem apresentado recuperação bastante significativa e robusta, especialmente com o câmbio que gera uma certa proteção à nossa indústria local frente a alguns competidores internacionais e também o setor de serviços" disse.

Segundo ele, esse bom desempenho engloba o comércio, que também cresceu no segundo trimestre. "Além disso, a nossa taxa de Formação Bruta de Capital Fixo em alta é resultado dos investimentos, que estão crescendo e sendo retomados ainda que gradualmente", destacou. O economista ponderou, no entanto, que a atenção continua sobre o nível da taxa de juros, em que as expectativas sugerem uma alta da Taxa Selic, o que implica a redução da atividade econômica especialmente para o último trimestre do ano.

Para Carlos Lopes, economista do banco BV, o resultado do PIB no segundo trimestre, de 1,4%,  foi surpreendente porque esperava-se um percentual de crescimento de 0,9%. Esse desempenho teve forte contribuição da demanda doméstica.

"Do lado dado da indústria e serviços, o resultado foi muito positivo, compensando o recuo na atividade da agropecuária, que foi sazonal. Quando olhamos para o lado da demanda, o desempenho foi favorável pelo consumo das famílias, do investimento e das compras governamentais e esses indicadores são relevantes para os próximos meses, a despeito de uma expectativa de alta dos juros. O crescimento da mão de obra com carteira assinada sustenta o aumento do consumo por conta da poupança gerada pelo trabalho", afirmou. (Com agências)

VARIAÇÃO DO PIB EM TODAS AS COMPARAÇÕES E SETORES

2ª trimestre de 2024/ trimestre imediatamente anterior 

  • PIB Geral: 1,4%
  • Agropecuária:-2,3%
  • Indústria: 1,8%
  • Serviços: 1%
  • Formação Bruta de Capital:2,1%
  • Consumo das famílias:1,3%
  • Consumo do governo:1,3%

2º Trimestre de 2024 / mesmo trimestre do ano anterior: 

  • PIB Geral: 3,3%
  • Agropecuária:-2,9%
  • Indústria: 3,9%
  • Serviços: 3,5%
  • Formação Bruta de Capital:5,7%
  • Consumo das famílias:4,9%
  • Consumo do governo: 3,1%

Acumulado em quatro trimestres/ mesmo período do ano anterior:

  • PIB Geral: 2,5%
  • Agropecuária:0%
  • Indústria: 2,6%
  • Serviços: 2,6%
  • Formação Bruta de Capital: -0,9%
  • Consumo das famílias: 3,7%
  • Consumo do governo: 2,4%

Valores correntes no 2º trimestre (R$) 

  • PIB Geral: 2,9 trilhões
  • Agropecuária: 199,9 bilhões
  • Indústria: 619,7 bilhões
  • Serviços: 1,7 trilhão
  • Formação Bruta de Capital: 484,4 bilhões
  • Consumo das famílias: 1,8 trilhão
  • Consumo do governo: 532,8 bilhões

Fonte: O Tempo

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