OMISSÃO

Empresa enfrenta processo por priorizar lucros e adiar medicamento promissor contra HIV

Publicado em 25/07/2023 às 14:02
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Homem descobriu o diagnóstico em 2019 (Foto/Ilustrativa)

A empresa farmacêutica Gilead Sciences, uma das maiores do mundo, está sendo processada por aproximadamente 26 mil pessoas nos Estados Unidos. Elas acusam a empresa de ter deliberadamente atrasado o lançamento de um medicamento promissor no combate ao HIV, visando maximizar seus lucros. As informações foram divulgadas pelo The New York Times.

Em 2004, a Gilead teria interrompido o desenvolvimento de um novo medicamento antiviral, alegando que sua eficácia não era significativamente melhor do que um produto já existente no mercado, cuja patente pertencia à própria empresa e levaria tempo para expirar. Entretanto, por trás dessa justificativa, a acusação alega que havia um plano para garantir monopólios vantajosos sobre medicamentos mais vendidos, manipulando o sistema de patentes dos Estados Unidos.

Na época, a Gilead era responsável por dois dos principais tratamentos contra o HIV, ambos baseados em uma versão do tenofovir. Os executivos da empresa sabiam que o novo medicamento tinha o potencial de ser menos tóxico para os rins e ossos dos pacientes, em comparação com o produto já disponível no mercado. Contudo, por medo de competição com o tenofovir, a Gilead deliberadamente atrasou o lançamento do novo produto em vários anos.

A estratégia era lançar o medicamento pouco antes do vencimento das patentes dos medicamentos já disponíveis no mercado, de modo que a empresa pudesse transferir os pacientes para o novo produto pouco antes da chegada de medicamentos genéricos. Somente em 2015, quase uma década após a interrupção do desenvolvimento, o novo tratamento foi divulgado, tendo suas patentes válidas até 2031.

A acusação destaca que esse atraso intencional expôs cerca de 26 mil pacientes, que receberam os medicamentos mais antigos da Gilead, a riscos desnecessários de problemas renais e ósseos. A Gilead negou as acusações durante o processo, classificando-as como "infundadas". A defesa argumentou que a empresa não interrompeu intencionalmente a produção do medicamento para aumentar os lucros com patentes. Eles apresentaram um memorando interno de 2004 que estimava que a farmacêutica poderia aumentar sua receita em US$ 1 bilhão ao longo de seis anos se lançasse a nova versão em 2008.

Caso a Gilead tivesse continuado o desenvolvimento do medicamento em 2004, as patentes do medicamento considerado promissor já teriam expirado ou estariam prestes a expirar. Com o atraso, a empresa garante mais alguns anos de exclusividade sobre o produto, impedindo a entrada de medicamentos genéricos no mercado.

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