SAÚDE MENTAL

Esquizofrenia costuma surgir entre 15 e 25 anos; identificação precoce é chave, alerta psicólogo

Especialista explica sintomas, fatores de risco e importância do diagnóstico precoce; caso recente de jovem morto por leoa reacendeu debate

Dandara Aveiro
Publicado em 09/12/2025 às 16:39
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A esquizofrenia, um dos transtornos mentais mais incapacitantes do mundo, costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da idade adulta. O alerta é do psicólogo Sérgio Marçal, em entrevista à Rádio JM, ao comentar a complexidade da doença, seus impactos e a importância de identificar sinais precoces. A discussão ganhou força após grande repercussão nacional do caso do jovem de 19 anos morto ao invadir o recinto de uma leoa em João Pessoa (PB), no fim de novembro. 

Segundo Marçal, antes do surgimento do quadro completo, é comum que adolescentes apresentem sinais isolados que não permitem fechar o diagnóstico. “A adolescência é uma fase de desenvolvimento e muitos sintomas podem se confundir com outras condições”, explicou. O especialista afirma que o núcleo da doença está na ruptura com a realidade, com episódios de desrealização, desorientação no tempo e no espaço e alucinações visuais, auditivas, olfativas ou táteis. 

O psicólogo destaca que paranoias costumam desencadear as alucinações, principalmente auditivas. “A pessoa tem medo de algo que não existe e pode ouvir vozes de comando”, disse. Esses quadros podem colocar o paciente e terceiros em risco, sendo um dos critérios para internação psiquiátrica. 

A manifestação da doença está diretamente ligada à predisposição genética e a fatores ambientais. Marçal reforça que pessoas com histórico familiar têm maior chance de desenvolver a esquizofrenia, mas são as experiências de vida – como violência, abandono, privação e instabilidade – que determinam o desencadeamento do transtorno. “O que nos adoece, muitas vezes, está fora da alçada da saúde. A gente estabiliza o paciente, mas ele volta para uma realidade que o desorganiza”, afirmou. 

O caso do jovem de 19 anos morto no zoológico repercutiu justamente pela soma desses fatores. Segundo relatos divulgados pela imprensa, o rapaz teve infância marcada por abandono, sucessivos abrigamentos e detenções, além de dificuldades cognitivas. Para Marçal, situações extremas como essa ilustram como a vulnerabilidade social agrava quadros psiquiátricos. 

Estatísticas reforçam a gravidade do cenário 

Dados recentes reforçam o alerta. Um estudo da Unifesp, USP e UFPR aponta que mais de 547 mil adultos brasileiros vivem com esquizofrenia, com maior incidência entre pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. A literatura médica indica que entre 70% e 80% desses transtornos mentais surgem ainda na infância e adolescência, e que o pico de início da esquizofrenia ocorre entre 15 e 25 anos, especialmente entre homens, que tendem a ter evolução mais grave. 

Mesmo sendo uma condição crônica, o tratamento adequado permite qualidade de vida. Medicamentos estão disponíveis pelo SUS, e a combinação entre acompanhamento psiquiátrico, psicoterapia e suporte social melhora significativamente o prognóstico. “O importante é equilibrar a doença sem reduzir a pessoa ao diagnóstico”, concluiu Marçal.

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