ELEIÇÃO FRANCESA

Extrema direita vence primeiro turno das eleições na França

O partido Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e seus aliados, tive mais de 34% dos votos, Macron ficou em terceiro lugar

O Tempo
Publicado em 30/06/2024 às 17:50
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Marine Le Pen tem maioria de votos no primeiro turno das eleições na França (Foto/Francois Lo Presti/AFP)

Marine Le Pen tem maioria de votos no primeiro turno das eleições na França (Foto/Francois Lo Presti/AFP)

A extrema direita ganhou neste domingo (30) o primeiro turno de eleições legislativas cruciais na França, onde as forças de centro-direita do presidente Emmanuel Macron ficaram em terceiro lugar, atrás da esquerda, de acordo com as primeiras estimativas.

O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados obtiveram mais de 34% dos votos, mas terão que esperar pelo segundo turno, em 7 de julho, para saber se alcançam a maioria absoluta na Assembleia Nacional (Câmara baixa).

"Precisamos de uma maioria absoluta", declarou Le Pen diante de apoiadores em seu feudo de Hénin-Beaumont, no norte da França, de onde comemorou que o "bloco macronista" "foi praticamente apagado".

A aliança de Macron conseguiria entre 20,5% e 21,5% dos votos, ficando atrás também da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que teria entre 28,5% e 29,1%, segundo as primeiras estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos no fechamento das urnas.

A ascensão da extrema direita ao poder, pela primeira vez desde a Libertação da ocupação nazista em 1945, poderia colocar mais um país da União Europeia sob essa tendência, como aconteceu na Itália.

Isso poderia enfraquecer o apoio de Macron à Ucrânia. Embora o partido de Le Pen, criticado por ser próximo à Rússia de Vladimir Putin, afirme apoiar Kiev, ele também busca evitar um confronto com Moscou.

Com uma participação vista como histórica, às 17h00 locais, três horas antes do fechamento das urnas, a taxa de votação atingiu 59,39%, 20 pontos a mais do que no mesmo horário em 2022, de acordo com o Ministério do Interior.

O próprio sistema eleitoral torna incerto o resultado final da Assembleia Nacional, onde os três blocos formados nas eleições de 2022 continuarão, mas com uma nova dinâmica de forças.

Seus 577 deputados são eleitos em círculos uninominais com um sistema de dois turnos. Dependendo dos resultados de cada circunscrição, dois, três ou mais candidatos podem ir para o segundo turno.

As primeiras três projeções deste domingo variam entre uma maioria simples ou absoluta na Câmara baixa.

Para evitar uma maioria absoluta do RN e seus aliados, o líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon garantiu em coletiva de imprensa que a NFP retirará da disputa seus candidatos que ficarem em terceiro lugar, no objetivo de aumentar as chances de derrotar a extrema direita no segundo turno.

Por sua vez, o presidente francês convocou uma aliança "ampla" e "claramente democrática e republicana" contra o RN para o segundo turno. No entanto, ele não revelou se seus candidatos serão retirados da disputa para fortalecer seus rivais da NFP contra a extrema direita.

Segundo turno, decisivo
Macron, cujo mandato termina em 2027, convocou as eleições antecipadas em 9 de junho após a vitória esmagadora do RN nas eleições europeias na França, e agora corre o risco de compartilhar o poder com um governo de outra cor política, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Paris.

O RN já anunciou que, se conseguir a maioria absoluta com seus aliados, irá indicar como primeiro-ministro seu jovem líder emergente Jordan Bardella, que aos 28 anos levou seu partido à vitória nas eleições europeias.

O partido de extrema direita defende um programa que busca limitar a imigração, impor "autoridade" nas escolas e reduzir a conta de luz das residências, entre outras medidas.

Os rivais do RN tentaram alertar no último momento sobre o risco de chegada ao poder da extrema direita, que se esforçou na última década para moderar a imagem herdada de seu fundador, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas.

"Entregar a eles qualquer poder significa correr o risco de ver desfeito pouco a pouco tudo o que foi construído e conquistado ao longo de mais de dois séculos e meio", alertou o jornal Le Monde.

Fonte: O Tempo

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