Versão oral do Wegovy mostrou resultados similares ao injetável em testes com 307 pessoas durante 64 semanas
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou o desenvolvimento de uma versão em comprimido do medicamento "Wegovy" para tratamento da obesidade, que demonstrou redução média de 16,6% do peso corporal dos participantes. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (17/9), após a conclusão de testes clínicos com 307 adultos com sobrepeso ou obesidade durante 64 semanas. A aprovação do medicamento pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos e alimentos, nos Estados Unidos, está prevista para o final de 2025.
Aproximadamente um terço dos voluntários que participaram do estudo conseguiu reduzir 20% ou mais do peso inicial. Os efeitos colaterais observados foram similares aos da versão injetável do "Wegovy", já disponível no mercado.
A criação da pílula exigiu que a empresa superasse desafios técnicos importantes, principalmente relacionados à degradação da semaglutida, substância ativa do medicamento, no ambiente ácido do estômago. Para solucionar esse problema, a Novo Nordisk incorporou um intensificador de absorção na formulação, garantindo que o princípio ativo chegue adequadamente à corrente sanguínea.
Os testes clínicos foram conduzidos durante pouco mais de um ano, permitindo avaliar tanto a eficácia quanto o perfil de segurança do medicamento ao longo do tempo. O tratamento beneficiará pessoas que vivem com obesidade ou sobrepeso, condições que afetam uma parcela considerável da população mundial.
Nos Estados Unidos, cerca de 40% da população adulta vive com obesidade, segundo dados mencionados pela empresa. A Novo Nordisk já iniciou a produção do medicamento em suas fábricas no país, enquanto aguarda a decisão regulatória.
Se aprovado, o medicamento será o primeiro tratamento oral baseado em GLP-1, hormônio que regula o apetite, a receber autorização da agência americana. A empresa dinamarquesa enfrenta concorrência direta da americana Eli Lilly, que desenvolve o "Orforglipron", outro comprimido diário para emagrecimento.
Nos testes clínicos da Lilly, realizados com mais de 3 mil pessoas, a perda média de peso foi de 12,4%, com 20% dos participantes atingindo reduções de 20% ou mais.
Especialistas indicam que a praticidade dos comprimidos, mais fáceis de armazenar, transportar e administrar, pode transformar o acesso aos medicamentos para obesidade, além da expectativa de preços mais acessíveis em comparação às versões injetáveis.
Ainda não foram divulgadas informações sobre o preço do medicamento ou sua disponibilidade em sistemas públicos de saúde ao redor do mundo.
Fonte: O Tempo