A prefeitura de Divinópolis (MG) confirmou a primeira morte por febre maculosa no município neste ano. A vítima, um homem de 46 anos, apresentou os primeiros sintomas no dia 31 de julho e morreu no dia 4 de agosto. A infecção ocorreu em sua casa, conforme informado pela Secretaria Municipal de Saúde. O resultado foi confirmado nesta segunda-feira (26 de agosto) e relatado nesta terça-feira (27) à reportagem.
Segundo o último balanço da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), realizado nesta segunda-feira, Divinópolis notificou 19 casos suspeitos de febre maculosa em 2024. Desses, 15 foram descartados, 2 seguem em análise e 2 foram confirmados. Além disso, cinco pessoas precisaram ser hospitalizadas.
A maioria dos casos confirmados (57,89%) envolve pacientes do sexo masculino. A maior incidência é entre jovens de 10 a 19 anos (6 casos) e adultos entre 40 a 59 anos (5 casos).
Os casos confirmados indicam que a infecção ocorreu em ambiente domiciliar. Os dois pacientes infectados relataram contato com carrapatos. Outros animais, como capivaras, cães, gatos, equinos e bovinos, também foram identificados como possíveis transmissores.
Quanto à área de residência dos pacientes, 94,74% vivem em regiões urbanas. Todos os 19 pacientes notificados apresentaram febre, e outros sintomas, como dor de cabeça (16 casos), náusea (15 casos) e dor muscular (13 casos), também foram comuns entre os pacientes.
A prefeitura de Divinópolis continua monitorando a situação e reforça a importância da prevenção, principalmente em áreas de risco, para evitar novos casos de febre maculosa no município.
Febre Maculosa: o que é?
A febre maculosa é uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode apresentar formas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados.
Em Minas Gerais, os principais vetores e reservatórios da doença são os carrapatos do gênero Amblyomma (Amblyomma sculptum), também conhecidos como "carrapato estrela", "carrapato de cavalo" ou "rodoleiro". O agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável pelos casos mais graves da doença, aqui denominada Febre Maculosa Brasileira (FMB).
Os equídeos, canídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa, podendo atuar como amplificadores de riquétsias e/ou como transportadores de carrapatos potencialmente infectados.
Embora possa ocorrer durante todo o ano, a doença tem maior frequência de casos no período da seca, entre abril e outubro.
Quais são os sintomas da febre maculosa?
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e solas dos pés, gangrena nos dedos e orelhas, paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória.
Além disso, com a evolução da doença, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Prevenção da febre maculosa
As principais medidas preventivas na febre maculosa são aquelas voltadas às ações educativas, com vistas à orientação da população sobre as características clínicas da doença, unidades de saúde e serviços para atendimento, importância do diagnóstico e tratamento oportunos, áreas de risco e ciclo do vetor.
Para áreas de conhecida infestação por carrapatos ou sob risco de ocorrência de casos, recomenda-se:
-Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos.
-Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas, calçados fechados (preferencialmente com meias brancas e de cano longo).
-Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos).
-Evitar sentar e deitar em gramados em atividades de lazer, como caminhadas, piqueniques, pescarias, etc.
-Examinar o corpo periodicamente, tendo em vista que quanto mais rápido o carrapato for retirado do corpo, menor a chance de infecção.
-Se encontrados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal.
-Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações de profissional médico veterinário.
-Limpeza e capina periódica de áreas de vegetação passíveis de cuidados.
Fonte: O Tempo.