TRÁFICO HUMANO

Homens pretos são 80% dos explorados em trabalho semelhante à escravidão no Brasil

Ministério da Justiça lança programa de enfrentamento ao tráfico de pessoas; mulheres são três vezes mais suscetíveis à exploração sexual

O Tempo/Hédio Ferreira Júnior
Publicado em 30/07/2024 às 14:37
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Exemplar de O Abolicionista, publicação de luta contra a escravidão (Foto/Fernando Frazão/Agência Brasil)

A maioria das pessoas resgatadas no Brasil em situação de trabalho análogo à escravidão, entre 2021 e 2023, é homem, tem entre 18 e 29 anos e é preta. Quando se trata do tráfico de pessoas e da exploração laboral e sexual, as mulheres são três vezes mais suscetíveis do que os explorados do gênero masculino e as crianças, duas vezes mais.

Os dados fazem parte de um relatório divulgado nesta terça-feira (30) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública como parte do 4º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do governo federal. O estudo contou com o apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (UNODC). O último estudo divulgou dados entre os anos 2017 e 2020.

Pessoas pretas e pardas estão entre a maioria (80%), seguida de brancas (18%) e indígenas. Seguem invisíveis aos registros oficiais as vítimas transgêneras e com deficiência.

Exploração sexual

Quando se trata do tráfico de pessoas, o gênero muda. As mulheres passam a ser maioria, grande parte acompanhada dos filhos em busca de renda para o sustento deles. De acordo com o relatório do Ministério da Justiça, elas são três vezes mais suscetíveis que os homens, e as crianças duas vezes mais. 

A exploração do trabalho como finalidade desse tráfico vem em primeiro lugar, seguida da exploração sexual, da remoção de órgãos, da servidão e da adoção ilegal. Esta, inclusive, tem sido identificada em ascensão pela Polícia Federal.

Exploração de estrangeiros e tecnologia

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que o número de migrantes em condições análogas à escravidão segue em crescimento. Entre 2021 e 2023, foram resgatados 355 trabalhadores, entre homens e mulheres, não brasileiros, sendo a principal nacionalidade envolvida em contextos de exploração de trabalho, seguida pela venezuelana e, em terceiro lugar, a boliviana.

O relatório ainda indica que houve mudança no modo de operação no tráfico de pessoas, com o uso da internet e de ferramentas tecnológicas modernas na captação de vítimas. Isso indica uma prioridade das autoridades responsáveis na repressão desse tipo de crime.

Entre 2021 e 2023, a PF deflagrou 35 operações relativas ao tráfico de pessoas e indiciou 70 pessoas.

Fonte: O Tempo

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