Dado foi revelado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE
Conviver com algum grau de insegurança alimentar é a realidade para 4,5 milhões de moradores de Minas Gerais. É o que revelam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (10/10). Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que garantam o básico para a população: o acesso à alimentação.
Os dados referentes ao quarto trimestre de 2024 indicam que os moradores de 1,57 milhão de lares haviam passado por ao menos uma das seguintes situações: tiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida, lhes faltaram alimentos antes que tivessem dinheiro para comprar mais comida, ficaram sem dinheiro para terem uma alimentação saudável e variada, e comeram apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda tinham, porque o dinheiro acabou.
Em relação aos tipos mais acentuados de insegurança alimentar — grave e moderada — os índices de Minas Gerais ficaram menores do que a média do Brasil em 2024: 5,4% dos domicílios mineiros, frente aos 7,7% dos do país.
A insegurança alimentar é classificada em três níveis pela Pnad Contínua: leve, moderada e grave. Em Minas Gerais, 1,13 milhão de lares estava em situação de insegurança alimentar leve, 262 mil em moderada e 177 mil em grave, sendo esta última a que representa a fome.
Minas Gerais está, junto com Goiás, como o sétimo estado da federação com a menor proporção de moradores em insegurança alimentar moderada ou grave, ficando atrás de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Rondônia e Mato Grosso do Sul.
O número de moradores em domicílios com insegurança alimentar reduziu 9,6% entre 2023 e 2024. O dado caiu de 4,96 milhões para 4,48 milhões de pessoas em Minas Gerais.
Análise
Para o economista Felipe Leroy, os números da Pnad Contínua indicam que o Brasil segue sendo um país com um "nível de desigualdade de renda muito elevado".
"Há uma minoria no topo da pirâmide, uma grande maioria na classe média, uma massa de pessoas na base e algumas abaixo, que é a linha da pobreza. Isso é dramático, pois mostra que há pessoas que não têm acesso aos itens básicos para a subsistência do ser humano", analisa Leroy.
O economista destaca que a adoção de políticas sociais é a alternativa para "tentar minimamente retirar as famílias que fazem parte do 'bolsão' da pobreza". Ele reforça: "A pobreza afeta o básico, que é a alimentação".
O governo de Minas foi procurado por O TEMPO e questionado sobre as ações adotadas para a assistência das famílias que vivem em insegurança alimentar. O retorno é aguardado.
Fonte: O Tempo.