Após três semanas de intensas ondas de calor em várias regiões do mundo, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas e o observatório europeu Copernicus concluíram que julho será "indubitavelmente o mês mais quente já registrado" na história.
O registro deste mês quebrará o recorde anterior, estabelecido em julho de 2019, destacando que essa onda de calor é provavelmente "sem precedentes" nos últimos milhares de anos, de acordo com as declarações de ambas as instituições.
Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, alertou que os extremos climáticos enfrentados por milhões de pessoas em julho são uma dura realidade das mudanças climáticas e uma amostra do que o futuro reserva para a humanidade.
As três primeiras semanas de julho já entraram para a história como as três mais quentes já registradas, e a anomalia de temperatura registrada por Copernicus, que possui dados desde 1940, é tão significativa que não há necessidade de aguardar o final do mês para confirmar o recorde.
Além das medições modernas, dados paleoclimatológicos, obtidos a partir dos anéis de crescimento das árvores e núcleos de gelo, reforçam que as temperaturas atuais são verdadeiramente "inéditas em nossa história, considerando os últimos milhares de anos", afirmou Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Clima da Copernicus (C3S). Ele ainda destacou que essa situação é incomparável por um período muito mais longo, provavelmente cerca de 100.000 anos.
Essas observações estão alinhadas com as previsões constantes dos especialistas sobre a mudança climática. Jim Skea, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, ressaltou a importância de oferecer ferramentas "positivas" à humanidade para enfrentar esse desafio, ao invés de focar apenas em "mensagens catastróficas que possam gerar um sentimento de terror existencial".
Atualmente, a temperatura global já aumentou 1,2 ºC em relação à era pré-industrial, e existem esforços para limitar esse aumento a 1,5 ºC, conforme estipulado pelo Acordo de Paris em 2015. Para isso, algumas medidas emergenciais estão sendo propostas, como a redução anual de cerca de 6% na produção de combustíveis fósseis, a fim de alcançar uma redução global de 40% no uso até 2030, conforme sugerido por Catherine Abreu, representante da ONG Destitation Zero.
Os impactos desses recordes de temperatura vão muito além de números e estatísticas, alertou a climatologista britânica Friederike Otto, da rede WWA. Como visto no verão europeu de 2022, o calor extremo resultou em uma sobremortalidade de 60.000 pessoas no continente.
Essas evidências reforçam a urgência de ações concretas para combater as mudanças climáticas e buscar um futuro sustentável para o planeta. É essencial que governos, organizações e indivíduos trabalhem juntos para enfrentar esse desafio global e reduzir os impactos devastadores do aquecimento global.
Fonte: O Tempo