A Kidverte é uma das lojas que investe em material escolar e tem muito movimento nesta época do ano (Foto/Fred Magno/O Tempo)
O começo do ano para pessoas que têm filhos em idade escolar muitas vezes significa uma única coisa: hora de se preocupar com a lista de materiais. Seja para alunos da rede pública ou privada, a lista de material escolar já começa “recheada” nos primeiros anos da criança, e os pais precisam se organizar para conseguir economizar. E nessa hora vale todo tipo de estratégia: comprar antecipado, pela internet, em quantidade ou à vista para garantir desconto, e até recorrer a planilhas comparativas de preços entre estabelecimentos.
De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), o reajuste de preços ao consumidor nas listas de material escolar neste ano deve ficar entre 7% e 9%. Os principais componentes que impactam os preços, segundo a Abfiae, são os aumentos de custos de papel, embalagens e alguns produtos importados.
Para o educador financeiro Matheus Machado, uma das melhores formas de economizar com material escolar é comparar preços e investir na compra à vista. “Antes de comprar, em vez de sair de uma vez correndo pelas ruas comparando as papelarias, primeiro abra o seu mecanismo de busca na internet e compare os preços. Tente pelo menos dois ou três sites diferentes. E aí, sim, você dá aquele pulinho naquela papelaria que, às vezes, já é fiel e pode falar: aqui na internet eu tô conseguindo por esse preço, e ainda tem cashback”, exemplifica.
Mesmo que a compra seja feita no cartão de crédito, Machado sugere pagar em única parcela. “Ou seja, eu estou comprando hoje, mas eu estou certo que já na primeira parcela eu vou quitar todo o valor. Dessa forma, eu não comprometo o meu orçamento a longo prazo, não estou criando uma dívida daqui pra frente para a minha vida financeira”, diz.
Pais fazem “malabarismo” para incluir o material no orçamento
Na casa da contadora Larissa Lulli, 30 anos, a estratégia para encontrar os melhores preços foi se juntar a outras duas mães para pesquisar papelarias do bairro. O filho dela, de 6 anos, aluno de uma escola particular, irá cursar em 2024 o 1º ano do ensino fundamental e já tem uma lista “gorda” para levar para a escola. Na pesquisa de preço, os itens passam de R$ 400.
“Quando recebi a lista de materiais, conversando com outras mães, decidimos fazer as pesquisas de preços no intuito de previsão orçamentária, tendo em vista que esse início de ano todos possuímos vários outros gastos, como, material didático, uniforme, mochila e a própria mensalidade da instituição de ensino”, comenta Larissa.
A contadora explica que cada mãe ficou responsável por coletar informações de um estabelecimento, ficando com três orçamentos no final. “Por levarmos em consideração o deslocamento e tempo gasto indo a cada loja, definimos entre nós que, após as pesquisas, cada uma pegaria os itens mais em conta da ‘sua lista’ e compraria para as três, e assim também poderíamos até ganhar mais algum desconto pela quantidade”, diz. O próximo passo agora, diz Larissa, é finalizar os orçamentos para fazer as compras.
Pesquisa de preço também é a estratégia de Patrícia Samarão, 52 anos. A enfermeira tem um filho de 9 anos que vai cursar neste ano a quarta série do ensino fundamental em uma escola particular. “Eu faço diversos orçamentos. Normalmente eu não fico na primeira loja e a minha média são cinco orçamentos para chegar à compra de um material escolar”, diz.
A mãe explica que a escola tem uma papelaria que fornece o material e entrega tudo pronto, mas o conforto disso pode gerar, segundo ela, um custo de até R$ 300 a mais. Outra economia foi com as apostilas da instituição. “O livro de Inglês, por exemplo, eu comprei o de exercício numa loja e o livro do aluno em outra, exatamente para uma questão de economia”, exemplifica.
Além disso, para os materiais do dia a dia, ela conta que escolhe o produto genérico, mas de boa qualidade, que não precisa ser, necessariamente, a marca número um do mercado. “Isso me dá alívio financeiro. E este ano, por exemplo, ele vai repetir a mochila e o estojo, e, com isso, já é pelo menos, talvez, uns 600, 700 reais de economia. Não quer dizer que vai durar até o fim do ano, porque a qualidade dos materiais hoje em dia também não é mais aquela referência do passado, quando a marca x durava mais, mas eu torço para que isso aconteça”, relata.
Além disso, a dica, segundo ela, é comprar com antecedência. “O ideal é comprar o material escolar todo em dezembro. É a dica que eu deixo, porque janeiro sempre tem aumento. E se você puder utilizar o uniforme de segunda mão, você também vai ter uma redução de pelo menos 40%”, diz.
Comprar em dezembro é também uma das estratégias da Cibele da Silva Ferreira de Faria, 41 anos, que tem dois filhos, de 8 e 13 anos. A técnico assistente da Polícia Civil conta que compra itens como mochila, tênis e materiais básicos pela internet “quando a maioria das pessoas está preocupada com as festas”. “É o terceiro ano que faço isso e percebi que deu certo”, relata. Ela também aposta no reaproveitamento de materiais que ainda podem ser usados e na compra em volume.
“Eu compro em quantidade, se eu vejo que uma caixa de lápis está barata, eu compro, às vezes, três ou quatro. Então, por exemplo, eu tenho aqui a do ano passado, que ainda não abri. Agora vou comprar a caixa da canetinha, porque ele vai ter o ano todo. Vou repondo à medida que eu vejo que o preço está bom”, conta. “Dependendo do produto, a diferença que vejo é de quase 50% no preço (comparando o valor pago anteriormente e o atual no mercado)”, revela.
Ela conta que essa estratégia começou quando, em viagem a São Paulo, ela aproveitou a ida a uma loja onde os preços eram muito atrativos. “Quando eu olhei os valores, eu acabei comprando antes”, conta. Após essa compra, Cibele percebeu que os preços lá estavam muito mais baixos que em Belo Horizonte. Foi quando ela começou a comprar pela internet.
No entanto, segundo Cibele, o que mais pesa é o material didático. A mãe revela que paga, para cada filho, R$ 1.900 de material, parcelados em dez prestações. Além disso, ainda há gastos com materiais paradidáticos - livros de literatura, por exemplo -, que ela diz que, quando é possível, procura sebos para economizar.
Papelarias se preparam para as vendas de última hora
Apesar de muitos pais se adiantarem, pesquisarem e comprarem com muita antecedência, o maior movimento, segundo papelarias, acontece nas vésperas da volta às aulas. De acordo com Cristiano Consentino, gerente da loja Kidverte, no Centro de BH, a expectativa é que o movimento mais que dobre na busca por itens de papelaria dos 15 dias que antecedem o início das aulas até dez dias após. Para dar conta do movimento, a loja chega a fazer um reforço na equipe.
Ele conta que a empresa já trabalha a compra de material escolar assim que acaba o período de volta às aulas. “A gente trabalha o ano inteiro pensando nas datas sazonais, justamente para oferecer o melhor produto para o cliente”, diz. Segundo Cristiano, a loja foca no produto básico primeiro, para disputar preço, e depois investe nos lançamentos ofertados de acordo com as indústrias - como materiais com personagens clássicos.
Na papelaria Lápis Lazulli, no Sagrada Família, há 30 anos no mercado, a expectativa é que o movimento seja mais intenso também às vésperas do início do ano letivo. Segundo a balconista Ariadna Deise Alves, a frequência maior é de clientes moradores da região cujos filhos estudam em escolas do bairro.
Ela conta que sempre vai atrás das escolas e pede a lista de material para já deixar o orçamento pronto na papelaria e facilitar as pesquisas de preço dos pais. “Já recebi algumas listas e alguns pais já vieram consultar, mas a maioria deixa pra última hora, ainda mais este ano que o Carnaval cai no início de fevereiro, muitos vão deixar para depois do Carmaval”, diz. Por lá, a maior procura é por cadernos, impressão e itens para crianças de escolas infantis.
Fonte: O Tempo