Uma minilua pode ser um objeto que está, ao menos temporariamente, ligado à Terra (Foto/Nazarii Neshcherenskyi/iStock/Getty Images)
Cientistas levantam a hipótese de que fragmentos expelidos da Lua durante colisões com asteroides possam ser temporariamente atraídos pela gravidade terrestre.
Esses fragmentos, conhecidos como miniluas, podem permanecer orbitando o planeta por alguns meses antes de retomar sua trajetória em torno do Sol. Segundo um artigo publicado na revista Icarus, até seis desses pequenos corpos celestes poderiam coexistir nas proximidades da Terra ao mesmo tempo.
Quando um asteroide colide com a superfície lunar, parte dos detritos é lançada ao espaço. A maior parcela segue em órbita solar, mas alguns pedaços acabam sendo capturados pela Terra. Modelos de simulação indicam que essas partículas podem permanecer presas em nossa vizinhança por um período médio de nove meses.
O astrônomo Roberto Jedicke, da Universidade do Havaí, comparou o fenômeno a uma dança de pares que trocam constantemente de parceiros, saindo e voltando para a pista em momentos diferentes, em declaração ao portal Space.com.
Dois exemplos fortalecem essa teoria. O primeiro é o asteroide Kamoʻoalewa (469219), descoberto em 2016, que análises sugerem ser um fragmento lunar ejetado há entre 1 milhão e 10 milhões de anos, possivelmente durante o impacto que deu origem à cratera Giordano Bruno. O segundo é o objeto 2024 PT5, identificado recentemente e que também apresenta características associadas à Lua.
Esses corpos costumam medir de 1 a 2 metros de diâmetro, o que torna sua observação complicada. Além disso, deslocam-se rapidamente pelo céu. “Para enxergar objetos desse porte, eles precisam estar muito próximos para refletir luz suficiente, mas, estando perto, sua movimentação aparente também é muito veloz”, explicou Jedicke. Outro obstáculo é que, em registros de telescópios, aparecem como rastros luminosos em vez de pontos, dificultando a identificação por algoritmos.
Apesar da estimativa de até seis miniluas em órbita simultaneamente, Jedicke reconhece que a margem de erro é grande. “A incerteza é enorme. Se houvesse tantos assim, os levantamentos já teriam flagrado um número maior. A previsão mais provável é que esse cálculo esteja incorreto, mas isso faz parte do processo científico”, afirmou.
Para os pesquisadores, o estudo dessas miniluas pode oferecer pistas valiosas sobre a formação e a evolução contínua do sistema solar.