Ler os rótulos e evitar misturas de produtos químicos ajudam a evitar acidentes e intoxicações durante a limpeza da casa (Foto/Pixabay / Reprodução)
O caso da jovem Maria Luiza Rodrigues, de 20 anos, que sofreu uma grave intoxicação e precisou ser socorrida às pressas após misturar produtos químicos de limpeza enquanto lavava o banheiro de casa em Cuiabá (MT), no último sábado (19), causou muita dúvida em todo o país. Afinal, quais produtos químicos não devem ser misturados de jeito nenhum? No caso citado, a vítima está bem, mas precisou de tratamento médico imediato, incluindo injeções intravenosas de adrenalina e antialérgicos no hospital.
“Os produtos de limpeza são produzidos com base em sua própria formulação e são considerados agentes desinfetantes, sendo assim devem ser sempre usados separadamente. É muito comum as pessoas pensarem que vários produtos de limpeza utilizados simultaneamente potencializam a limpeza, porém, muitas vezes, por falta de informação, não sabem que tais combinações podem causar reações químicas e formar novos compostos químicos perigosos e muito prejudiciais à saúde, resultando em queimaduras, intoxicação respiratória ou mesmo uma explosão”, aponta um estudo da Universidade Federal do ABC (UFABC), instituição pública federal de ensino superior no ABC paulista.
Segundo a publicação, a água sanitária é um dos produtos mais perigosos e não deve ser misturada nunca a outras substâncias. “Misturada com álcool em gel, por exemplo, ela destrói tanto o hipoclorito de sódio da água sanitária quanto o álcool do álcool em gel. O hipoclorito é um agente oxidante e pode oxidar o álcool formando outro composto, o acetaldeído. Este é tóxico, podendo causar irritação e queimadura. Outros produtos decorrentes da mistura são o clorofórmio e o ácido muriático. Estes compostos podem prejudicar o sistema nervoso central e afetar os pulmões, rins, fígado, olhos e a pele. Além disso, altos níveis de clorofórmio podem causar enjoos, perda de consciência e até mesmo a morte”.
A mistura de água sanitária e desinfetante (que tem amônia) também pode trazer consequências graves para a saúde. “Essa é uma das misturas que mais podem agredir o sistema respiratório, além disso o amoníaco em grandes quantidades é potencialmente explosivo e tóxico”.
Já a água sanitária misturada com vinagre formam o gás cloro (Cl2), que mesmo em pequenas quantidades pode ocasionar problemas de respiração, ardência nos olhos e ainda provocar queimaduras.
Outra mistura que deve ser evitada, segundo o estudo, é a água sanitária com detergente. A união dos dois produtos provoca a formação de cloroaminas, que prejudicam as vias respiratórias. “O ideal é usar a água sanitária primeiro, enxaguar com água e só depois usar o detergente”.
Alguns outros produtos muito usados para a limpeza também não devem ser misturados, como vinagre e bicarbonato de sódio, por exemplo, segundo o estudo da Universidade Federal do ABC.
“O vinagre é uma substância ácida, o bicarbonato de sódio é uma substância básica, a mistura dos dois resulta em água e acetato de sódio, isto é, perde as propriedades de limpeza que esses produtos tinham e ainda ocorre uma reação com liberação de dióxido de carbono (CO2). A espuma de dióxido de carbono formada não é tóxica, mas se realizada em um recipiente fechado, pode levar à explosão”.
Outra mistura que deve ser evitada é a de vinagre com água oxigenada. Ela forma o ácido peracético, que em alta concentração pode causar irritações na pele, nos olhos e no sistema respiratório.
Durante a limpeza, o ideal é deixar portas e janelas do ambiente abertas e utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, pois com isto aumenta a ventilação e evita-se contato direto com substâncias presentes nos produtos de limpeza.
Fonte: O Tempo