TRAGÉDIA

Morador de Uberlândia morreu em queda de avião da Voepass

Pelas redes sociais, familiares e amigos lamentaram a perda; Alípio Camilo dos Santos Neto estava morando em Uberlândia

O Tempo/Isabela Abalen
Publicado em 11/08/2024 às 11:11
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Alípio Camilo dos Santos Neto, o 'Bolinha' (Foto/Reprodução/Arquivo pessoal)

"E lá vamos nós". Essas foram as últimas palavras enviadas pelo mineiro Alípio Camilo dos Santos Neto, uma das 62 vítimas do acidente com o avião da Voepass, em São Paulo, a um amigo pelo aplicativo do Whatsapp, antes da tragédia. Alípio compartilhou a localização do aeroporto de Cascavel, no Paraná, onde a aeronave embarcou, horas antes da notícia da queda do veículo, comunicando o início da sua viagem. 

O print da conversa está sendo compartilhado, nas redes sociais, por amigos e parentes do mineiro, que passam pelo luto. "Nunca saberemos quando será o último adeus", escreveu uma amiga próxima, Ádila Ribeiro. No registro das mensagens, a pessoa que recebeu a localização de Alípio, ainda questiona, horas depois: "mano, você não foi de Passaredo não, né?", sem receber resposta. 

A Voepass foi fundada em 1995 com o nome de Passaredo em Ribeirão Preto (SP) e, atualmente, é a companhia aérea mais antiga em operação no Brasil. A companhia já se chamou Passaredo Linhas Aéreas, mas mudou de nome em 2019. 

Quem é a vítima?
O mineiro é natural de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba. Alípio Camilo dos Santos Neto era auditor interno em uma grande rede de frigorífico e estava morando em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Pelo perfil no LinkedIn, ele se apresentava como um profissional com 15 anos de experiência em controladoria.

A vítima atualmente trabalhava para a BRF, mas já passou pela Sadia. Alípio era formado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário. 

Familiares e amigos lamentaram morte 
Pelas redes sociais, pessoas próximas lamentaram a morte. “Descanse em paz meu amigo, você jamais será esquecido. Estamos devastados”, escreveu no Instagram a @adi_ribeiro. 

“Grande Alipio. Um rapaz muito bom de coração… muito gentil e de uma energia muito boa. Trabalhador muito prestativo e honesto. Muito obrigado por sua amizade meu amigo. Infelizmente se foi… fique com Deus”, lamentou outro usuário.

Uma mulher, que se apresentou como babá do "Netinho", como era o apelido de Alípio, disse que a notícia do falecimento doía muito. "Eu estou sem chão. Conheço desde que nasceu, que dor meu Deus", escreveu Márcia Siqueira. 

O que aconteceu?
A aeronave decolou do Aeroporto de Cascavel (PR) às 11h50 com destino ao Aeroporto de Guarulhos (SP), com 62 pessoas a bordo - 58 passageiros e quatro tripulantes. A chegada ao aeroporto na região metropolitana de São Paulo estava prevista para as 13h40. No entanto, por volta das 13h21, a aeronave perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), foi nesse momento que o avião deixou de responder ao Controle de Aproximação de São Paulo. A aeronave caiu em uma área residencial do condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, em Vinhedo. Vários moradores capturaram em vídeo o momento em que a aeronave rodopiava no ar antes do impacto e da fumaça da explosão. 

A Voepass diz que ainda não é possível precisar o que aconteceu com a aeronave. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à FAB, iniciou na sexta-feira uma investigação para apurar as causas da queda do avião. A Polícia Federal (PF) também vai auxiliar na apuração. 

Os investigadores já estão em posse dos gravadores de voz da cabine do avião e de dados instalados na caixa preta. Os equipamentos serão enviados em Brasília, onde serão aproveitados. Porém, ainda não há prazo definido para a conclusão das apurações.

Segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, as informações e hipóteses sobre o ocorrido ainda são preliminares e poucas conclusões podem ser tiradas. Uma das poucas certezas que já se tem é que, durante o voo, não houve, por parte da tripulação da aeronave, a comunicação de que havia uma situação de emergência.

Situação da aeronave
De acordo com o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luís Ricardo, a aeronave estava regularizada junto ao órgão e se encontrava com suas funções normais de aeronavegabilidade. Construída em 2010, ela deu entrada no Brasil em 2022, quando foi comprada pela Voepass, e estaria de acordo com a regulamentação.

“Ela cumpre qualquer requisito de desempenho como de emergência também. [...] Essa aeronave, como qualquer outra aeronave certificada, atende aos mesmos requisitos e cumpre os mínimos de segurança do que qualquer outra aeronave dessa categoria no mundo”, reforçou o chefe da Divisão de Investigação do Cenipa, Coronel Baldin.

Possível acúmulo de gelo
Ao longo da tarde de sexta-feira, uma das hipóteses mais difundidas por alguns especialistas foi de que a queda do avião teria sido causada pelo acúmulo de gelo na superfície da aeronave, o que teria provocado, por exemplo, o desligamento dos motores. Segundo o Cenipa, ainda não é possível fazer tal afirmação, já que as informações ainda são “prematuras”. 

“Essa aeronave é certificada para voar nessas condições. Ela tem sistemas de proteção para evitar a formação de gelo na superfície. Mas também caso haja essa formação de gelo, ela tem dispositivos para eliminar. Em vários países é certificada para voar em condições severas de gelo”, disse Coronel Baldin.

Fonte: O Tempo

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