Com a fraude, um carro com IPVA atrasado, por exemplo, consegue se manter inscrito na empresa de transporte de passageiros
O jornal recebeu denúncias que evidenciam a fragilidade da segurança de plataformas de transporte por aplicativo. Leitores relataram que condutores têm contratado hackers para alterar, no sistema de cadastro dos apps, dados de documentos de veículos em situação irregular.
Segundo uma fonte, que pediu para não ser identificada, a fraude burla o sistema das plataformas. Um carro com IPVA atrasado, por exemplo, consegue se manter inscrito na empresa de app, mesmo com a exigência de que a situação esteja regularizada.
Em uma busca rápida nas redes sociais, é possível encontrar oferta do serviço fraudulento. “Ativo IPVA atrasado na Uber e 99. Documento digital ou rasurado que não aprova na 99”, informa o post em um grupo de fraudadores. Em outra postagem, criminosos anunciam a possibilidade de alterar o ano de fabricação do veículo. A Uber, por exemplo, só aceita carros com até dez anos de fabricação.
Um motorista de aplicativo em BH contou que por R$ 300 é possível atualizar o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) para não ser bloqueado. “Para elevar o ano do carro, cobram R$ 600”, revela. Conforme uma das fontes, a inscrição fica ok na plataforma, mas a fraude não altera os documentos originais. “Se o motorista parar na blitz com documento atrasado, vai ser multado”, disse.
Problema de segurança pública
A presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativo, Simone Almeida, disse que a falsificação de documentos para entrar nos apps de transporte “é uma prática que vem ocorrendo há algum tempo” e que é um problema de segurança pública. "Ao fazer isso, o motorista corre risco de responder por essa prática na Justiça. Vejo isso como problema de segurança pública, mas as empresas tem obrigação de, também, fiscalizar esses atos. O sindicato só defende motoristas de fato, cadastrados nas plataformas com suas verdadeiras contas. Não defendemos bandidos", afirma Simone.
Em nota, a Polícia Civil de Minas informou não ter recebido denúncias sobre fraude no cadastro de documentos de veículos em apps de transporte no Estado.
Uber intensificou monitoramento antifraudes
Os golpes que miram o cadastro de motoristas em aplicativos de transporte exigem resposta. Citada por fontes da reportagem como um dos alvos das fraudes, a Uber informou que os esquemas criminosos estão em constante evolução e que a empresa está comprometida em atualizar e fortalecer processos internos de proteção. “Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamento fraudulento”, diz. Leia, no final desta matéria, a nota na íntegra.
Procurada pela reportagem, a 99 App não se manifestou.
Confira a nota da Uber
Não foi possível verificar os casos de fraude específicos relatados pelo Super Notícia porque, até o momento, não foi fornecida à empresa informação suficiente sobre os veículos ou os indivíduos que permitissem identificar uma tentativa bem-sucedida de fraude na plataforma da Uber.
De toda forma, sabemos que popularmente usa-se o nome "Uber" como sinônimo para toda a categoria de aplicativos de mobilidade, bem como sinônimo da atividade de quem utiliza os apps para gerar renda. Por isso é fundamental verificar os dados para saber se o caso tem ou não relação com o aplicativo.
Os esquemas de fraude estão em constante evolução e é por isso que a Uber está comprometida em atualizar e fortalecer seus processos internos para se proteger deles. Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamento fraudulento. Estamos constantemente implementando novos processos e tecnologias para evitar fraudes e aprimoramos o treinamento dos nossos agentes, enquanto seguimos trabalhando para ficar à frente dos golpes mais recentes.
No processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas parceiros passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.
Como parte desses esforços, a Uber fechou um contrato com o Serpro, empresa de TI do Governo Federal, para confirmar as informações cadastrais dos motoristas parceiros e pessoas que querem se cadastrar na plataforma como motoristas, em tempo real, a partir das informações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), com a autorização do Denatran - Departamento Nacional de Trânsito.
Além disso, de tempos em tempos, o aplicativo pede, aleatoriamente, para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line, para ajudar a verificar se a pessoa que está usando o aplicativo corresponde àquela da conta que temos no arquivo. Isso ajuda a prevenir fraudes e protege as contas dos condutores de serem comprometidas.
Fonte: O Tempo