REFORMA AGRÁRIA

MST encerra invasão na Embrapa, mas inflama CPI e desgasta Lula

As audiências da CPI do MST serão retomadas nesta terça, quando está previsto o depoimento do ex-ministro do GSI de Lula, general Gonçalves Dias.

O Tempo
Publicado em 01/08/2023 às 15:25
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Integrante do MST com boné em apoio a Lula: Movimento cobra compromissos assumidos pelo petista com a reforma agrária (Foto/Divulgação/MST)

Integrante do MST com boné em apoio a Lula: Movimento cobra compromissos assumidos pelo petista com a reforma agrária (Foto/Divulgação/MST)

A nova invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em uma fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Petrolina (PE), a cerca de 700km do Recife, não durou um dia. Os sem terra deixaram a área na tarde de segunda-feira (31), horas após ocupá-las pela segunda vez. Mas foi o suficiente para inflamar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as ações do movimento e será retomada nesta terça-feira (1º). Também escancarou a pressão sobre a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A CPI do MST é formada majoritariamente por deputados ligados a ruralistas e integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma das maiores forças da Casa. No primeiro semestre, as sessões foram marcadas por bate-bocas, ataques e acusações entre parlamentares da base e da oposição. Já o MST apoiou a eleição de Lula e agora cobra compromissos assumidos pelo petista com a reforma agrária.

Durante o chamado "Abril Vermelho", quando o movimento intensificou ações pelo País, os sem-terra invadiram, além da área da Embrapa, terras produtivas, e avisaram que, se o governo federal não cumprisse os acordos firmados, retomariam a ofensiva. No domingo (31), os sem terra de Petrolina votaram a favor da reocupação da área da Embrapa, o que ocorreu na manhã seguinte.

Mais de 1,5 mil sem terra invadiram o terreno que sediará o Semiárido Show entre terça (1º) e sexta-feira (4). A Embrapa Semiárido é um centro de experimentos de produção em ambientes com escassez de água e para a multiplicação de material genético de sementes e mudas. Segundo os sem-terra, a decisão foi tomada porque o governo Lula não honrou a promessa de destinar áreas para assentar famílias na região e, desde as desocupações em abril, não houve avanço nos acordos. Na noite de segunda, no entanto, a Embrapa informou que o grupo havia deixado o local.

"Ao mesmo tempo que manifestamos nosso repúdio a esse ato, informamos que a Embrapa rapidamente adotou todas as medidas necessárias para a desocupação da área", afirmou o órgão, em nota. Disse, ainda, que teve "apoio interno e de várias estruturas do governo, incluindo ministérios, Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e outras instâncias competentes".

CPI vai ouvir chefe do GSI da gestão Lula

As audiências da CPI do MST serão retomadas nesta terça, quando está previsto o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, general Gonçalves Dias. Ele deve ser questionado se Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tinha conhecimento das invasões retomadas há três meses. O presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), classificou as ações do grupo como um "deboche". 

Apesar de o MST ter deixado a área da Embrapa, o episódio causou novo desgaste para o Planalto. Além dos trabalhos da CPI voltarem o foco para o governo, a FPA cobrou o Executivo. "A estratégia de invadir terras do Incra e da Embrapa expõe a segurança dos criminosos no governo federal, que diz manter diálogo com o MST", disse a frente. "A pacificação no campo passa por políticas públicas de qualidade, mas também por ações contundentes, que, se não surgem do Executivo, surgirão do Legislativo." Mais cedo, o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), classificou a ação como "invasão de caráter meramente político para mandar recado para o governo aliado deles".

Em junho, Lula afirmou que "não precisa mais invadir terra" no Brasil. "É simples, não precisa ter barulho, não precisa ter guerra", disse o presidente durante a live semanal "Conversa com o Presidente". 

Fonte: O Tempo

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