Iniciativa busca coordenar ações de governos, ciência, setor privado e sociedade para garantir ar saudável em todos os ambientes
A qualidade do ar interno (QAI) será o tema central do encontro promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), marcado para o dia 23 de setembro, na sede da organização em Nova York. O evento reunirá líderes mundiais, cientistas, formuladores de políticas e especialistas para discutir ações globais sobre o tema. O Brasil será representado pela Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
Segundo a entidade brasileira, será lançado na ocasião o **Global Pledge for Healthy Indoor Air** (Pacto Global pela Qualidade do Ar Interno), que convida governos e organizações a aderirem a um compromisso internacional por ar limpo em ambientes internos. "A qualidade do ar interno ganhou urgência sanitária e econômica. Estima-se que as pessoas passem cerca de 90% do tempo em espaços fechados. O ar que respiram nesses ambientes influencia diretamente saúde, produtividade e bem-estar", afirma Leonardo Cozac, presidente da Abrava.
Como referência técnica, o Brasil chega ao debate com normas atualizadas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu, em norma técnica de 2023, parâmetros de conforto e saúde como temperatura entre 21 °C e 26 °C e umidade relativa entre 35% e 65%.
A norma, segundo a Abrava, também incluiu um critério dinâmico para ventilação, que ajusta o limite aceitável de dióxido de carbono (CO₂) a partir da qualidade do ar externo, oferecendo uma orientação realista para diferentes contextos urbanos. O texto também "fixa limites para material particulado, ou seja, para a quantidade de pequenas partículas em suspensão no ar, capazes de penetrar nos pulmões e agravar doenças respiratórias. As medições devem ser feitas por laboratórios acreditados para garantir confiabilidade".
Ainda segundo a autoridade, quando a ventilação é insuficiente e os poluentes se acumulam, aumenta a transmissão de doenças respiratórias, e há queda no desempenho cognitivo e na eficiência em escolas e locais de trabalho, efeitos medidos e documentados por pesquisas reunidas para o evento da ONU.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também faz recomendações para temperatura. Há um intervalo para o conforto térmico, que é entre 22 e 24 graus para o "bem-estar geral e equilíbrio do organismo".
Segundo Cozac, a crise climática agrava o quadro, pois queimadas, ondas de calor e eventos extremos elevam a presença de poluentes e forçam mais pessoas a permanecerem em ambientes fechados.
Brasil como referência
“O compromisso a ser lançado pela ONU coloca a saúde de quem vive, estuda e trabalha em ambientes fechados no centro da agenda. Ventilar bem, monitorar e gerir a qualidade do ar são decisões de saúde pública que reduzem doenças e melhoram a vida cotidiana, especialmente num contexto de clima em mudança, em que passamos mais tempo em ambientes fechados", completa Cozac.
O evento contará com líderes e instituições globais, incluindo presidentes e ministros de diversos países, representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da ONU Meio Ambiente. Também participam pesquisadores de instituições como Harvard Healthy Buildings Program, Brown University, ISIAQ, ASHRAE, IWBI e World Heart Federation. O objetivo é compartilhar experiências, difundir práticas inovadoras e firmar parcerias que acelerem soluções.
Fonte: O Tempo.