O Ministério da Saúde selecionou Uberlândia, juntamente com outras cinco cidades brasileiras, para participar de uma iniciativa inovadora no controle de doenças transmitidas por mosquitos. Mosquitos Aedes aegypti, vetores da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana, infectados pela bactéria "Wolbachia", serão liberados na cidade a partir deste mês como parte de um projeto que visa interromper a cadeia de transmissão dessas arboviroses.
A bactéria Wolbachia, uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos, mas ausente no Aedes aegypti, é utilizada como parte do Método Wolbachia. Este método, conduzido no Brasil pela Fiocruz, consiste na implantação da bactéria nos ovos do mosquito, impedindo o desenvolvimento dos vírus das doenças em seu interior. Importante ressaltar que tanto os mosquitos quanto a Wolbachia não sofrem qualquer modificação genética durante esse processo.
O resultado é uma redução significativa na capacidade de transmissão dos vírus pelos mosquitos, diminuindo consideravelmente o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O efeito do método é autossustentável, visto que a porcentagem de mosquitos portadores de Wolbachia aumenta naturalmente através da reprodução, tornando-se estável ao longo do tempo sem a necessidade de novas liberações.
Uberlândia receberá uma biofábrica dedicada à implementação desse método inovador. Localizada no prédio atual da Defesa Civil, no Distrito Industrial, a biofábrica será responsável por monitorar os ovos dos mosquitos, avaliando a eficácia do Método Wolbachia e identificando as áreas mais críticas de transmissão de vírus na cidade.
A iniciativa já demonstrou resultados promissores em outras regiões do país. No Rio de Janeiro e em Niterói, onde a ação começou, houve uma redução de até 77% nos casos de dengue e 60% de chikungunya em áreas que receberam os mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, em comparação com áreas que não foram contempladas.
O cronograma de implementação em Uberlândia será detalhado por um comitê gestor, garantindo o acompanhamento permanente das atividades relacionadas à aplicação do Método Wolbachia na cidade. A ação é mais um passo importante no enfrentamento das doenças transmitidas por mosquitos, oferecendo uma solução sustentável a longo prazo e contribuindo para a promoção da saúde pública.