Lina Medina com 7 ou 8 anos de idade ao lado de seu filho Gerardo (Foto/Wikimedia Commons/Arquivo Pessoal/Reprodução)
Lina Marcela Medina de Jurado, peruana de Ticrapo, entrou para a história da medicina como a mãe mais jovem já confirmada, ao dar à luz um menino em 14 de maio de 1939, quando tinha apenas cinco anos, sete meses e 21 dias de idade. O caso, documentado pelo Dr. Edmundo Escomel na publicação La Presse Medicale, foi resultado de uma condição médica rara caracterizada por puberdade extremamente precoce. A suspeita é que a peruana tenha sido vítima de abuso sexual, mas ela nunca revelou a identidade do pai da criança.
A gravidez foi descoberta quando o pai de Lina, Tiburcio Medina, percebeu o aumento anormal do abdômen da filha e a levou inicialmente a curandeiros locais. Após serem orientados a procurar atendimento médico, a família recorreu ao hospital de Pisco, onde os médicos diagnosticaram uma gravidez de sete meses, contrariando a suspeita inicial de tumor.
O Dr. Gerardo Lozada encaminhou a menina para Lima para confirmação do diagnóstico por outros especialistas. No Dia das Mães no Peru, Lina deu à luz por cesariana, procedimento necessário devido ao tamanho reduzido de sua pélvis. A cirurgia foi realizada pelos doutores Lozada e Busalleu, com anestesia administrada pelo Dr. Colretta.
Registros médicos indicam que Lina teve sua primeira menstruação aos oito meses de idade, desenvolveu seios aos quatro anos e, aos cinco, já apresentava alargamento pélvico e maturação óssea avançada. Nascida em 27 de setembro de 1933, embora alguns registros apontem 23 de setembro como data alternativa, Lina era uma entre nove filhos de sua família.
O bebê nasceu com 2,7 quilogramas e foi nomeado Gerardo, em homenagem ao médico responsável pelo parto. Apesar da maturidade física, Lina era uma criança que preferia brincar com bonecas a cuidar do filho. Gerardo foi alimentado por uma enfermeira e criado pelo irmão de Lina, acreditando que ela era sua irmã até descobrir a verdade aos dez anos.
Após o nascimento, Lina permaneceu hospitalizada por onze meses. Em 1972, aos 38 anos, casou-se com Raúl Jurado e teve seu segundo filho, que atualmente vive no México. Gerardo faleceu em 1979, aos 40 anos, devido a uma doença na medula óssea.
A identidade do pai da criança permanece desconhecida. Inicialmente, o pai de Lina foi preso sob acusação de incesto, mas foi liberado por falta de provas. Posteriormente, as suspeitas recaíram sobre um irmão de Lina que tinha deficiência mental. Lina nunca revelou essa informação e recusa-se a falar sobre o assunto, tendo inclusive recusado uma entrevista com a Reuters em 2002.
O nascimento de Gerardo atraiu grande atenção internacional, com diversas ofertas comerciais sendo feitas à família. Um empresário norte-americano chegou a oferecer 5 mil dólares, enquanto de Nova Iorque veio uma proposta de mil dólares semanais para exibir mãe e filho na Feira Mundial. O governo peruano proibiu essas ofertas, alegando "perigo moral" para Lina e seu filho.
Atualmente, aos 91 anos, Lina vive em condições precárias em um bairro pobre de Lima, conhecido localmente como "Chicago Chico". Ela enfrenta uma batalha judicial contra o Estado peruano após ter sua casa desapropriada para a construção de uma estrada, sem compensação adequada. Segundo seu marido, a propriedade valia aproximadamente 25 mil dólares.
O Dr. José Sandoval, autor do livro "Mãe aos Cinco Anos", tem trabalhado desde 2002 para que Lina receba uma pensão vitalícia do governo peruano, tendo inclusive apresentado o caso à ex-primeira-dama Eliane Karp.
No Peru, o caso gerou diversas interpretações culturais e religiosas. Em algumas comunidades, Lina era comparada à Virgem Maria, como alguém que concebeu sem pecado original. Em certas regiões do país, ainda existem pessoas que acreditam que Gerardo seria filho do deus Sol, segundo crenças locais.
Fonte: O Tempo