A Polícia Federal revelou detalhes sobre a atuação de militares presos na Operação Contragolpe, que investiga planos para neutralizar a posse do governo eleito em 2022. Segundo os investigadores, os militares habilitaram quatro chips de celular em sequência, em apenas 17 minutos, em uma unidade de loja de departamento no bairro Jardim Europa, em Uberlândia. A movimentação ocorreu no sábado, 3 de dezembro de 2022, e foi mencionada pelo ministro Alexandre de Moraes na decisão que determinou as prisões preventivas.
Os chips, ativados entre 13h59 e 14h16, foram usados em um grupo no aplicativo Signal chamado “Copa 2022”, que servia como código para a operação clandestina. Os números estavam associados a participantes identificados pelos codinomes “Argentina 2”, “Áustria”, “Brasil” e “Gana”. Segundo Moraes, o grupo tinha como objetivo realizar a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, além de "neutralizar" integrantes do governo eleito, incluindo o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
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De acordo com a decisão judicial, o plano criminoso, batizado de “Punhal Verde Amarelo”, incluía ações para impedir a posse presidencial e restringir o funcionamento do Judiciário. A PF apontou que o general da reserva Mario Fernandes, um dos presos na operação, estava diretamente envolvido na elaboração do esquema. Fernandes, que foi secretário-adjunto da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, também trabalhou como assessor do deputado General Pazuello até março deste ano.
As prisões dos envolvidos e as evidências apresentadas reforçam o uso de técnicas para ocultar identidades e dificultar o rastreamento das atividades. Conforme destacou Moraes, a habilitação simultânea dos chips em Uberlândia demonstra a tentativa do grupo de agir de maneira coordenada, evidenciando os riscos de uma articulação mais ampla para desestabilizar as instituições democráticas do país.