SEM ALÍVIO

Preço dos ovos não deve cair após a quaresma: mas qual o motivo? Entenda

Em meio ao encarecimento no Brasil, exportações aos Estados Unidos aumentaram 342% em março

Simon Nascimento/O Tempo
Publicado em 24/04/2025 às 11:12
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Dados do Cepea mostram que, nas duas últimas semanas, o valor de cotação dos ovos caiu nas principais praças de pesquisas no país (Foto/Bruno de Lima/Mantiqueira)

Dados do Cepea mostram que, nas duas últimas semanas, o valor de cotação dos ovos caiu nas principais praças de pesquisas no país (Foto/Bruno de Lima/Mantiqueira)

O fim da quaresma não deverá trazer aos consumidores o alívio esperado no preço dos ovos. O produto deve ter uma ligeira queda nos valores, com a retomada do consumo de carne a níveis habituais após o término do período em que muitos católicos abdicam dos cortes bovinos, suínos e de aves. No entanto, ainda se manterá em um patamar elevado nas próximas semanas nos supermercados e mercearias do Brasil. 

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP mostram que, nas duas últimas semanas, o valor de cotação dos ovos caiu nas principais praças de pesquisas no país. Nos supermercados, os consumidores seguem pagando entre R$ 20 e R$ 30 para a compra de um pente com 20 a 30 unidades - cifra que pode ser mais elevada a depender do estabelecimento e região.

A pesquisadora Cláudia Scarpelin, responsável pela área de ovos no Cepea, relatou que o freio no avanço das cotações é um bom indicativo. “Embora os preços ainda se mantenham em patamares elevados, como reflexo dessa valorização expressiva que registramos de janeiro até fevereiro”, declarou Scarpelin. 

Conforme a pesquisadora, não é possível prever quando a diminuição das cotações dos ovos deve chegar ao consumidor final, e nem em qual magnitude essa redução chegaria aos estabelecimentos. “Ainda é cedo para a gente traçar com precisão qual vai ser a movimentação do mercado, se essa queda ela vai ser muito acentuada ou vai ser um pouco mais moderada nesse começo aqui após a quaresma. Mas o que a gente observa é que as vendas elas perderam um pouco o ritmo, muito por conta também desse período prolongado de avanço. A população está com o menor poder de aquisição, então diminui o consumo”, completou a pesquisadora. 

Insumos pressionam custos

O pessimismo também é compartilhado pela Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig). O diretor técnico da entidade, Gustavo Ribeiro, sinalizou que a queda de preço esperada pela população não deve se concretizar em função de um encarecimento dos custos produtivos. 

“Entre os principais, está o encarecimento dos grãos utilizados na produção de ração para as aves, resultado de quebras de safra recentes. Isso elevou significativamente os custos de produção”, citou Ribeiro. Outros obstáculos estão relacionados aos preços dos combustíveis e das embalagens que, conforme o representante da Avimig, passaram por aumentos e geram pressão ao valor final de venda dos ovos. 

“Embora exista uma expectativa de queda nos preços dos ovos, os custos elevados de produção — dos quais cerca de 70% estão relacionados à alimentação das aves — podem manter os preços em um nível ainda elevado”, cravou Ribeiro. O diretor da Avimig afirmou que o aumento das exportações não deve gerar impactos aos preços no Brasil. 

Em março, houve uma alta exponencial das vendas de ovos, sobretudo, aos Estados Unidos, para onde foram enviadas quase 4 mil toneladas do produto. O principal motivo é o surto de gripe aviária no país norte-americano. Neste ano, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que o volume de exportação de ovos em 2025 deve crescer 62%, um aumento de cerca de 30 mil toneladas. 

“É importante destacar que, apesar desse crescimento expressivo, o volume total de exportação ainda representará apenas 1% da produção nacional, o que não oferece riscos de desabastecimento ao mercado interno ou ajuste no valor do produto”, sublinhou Gustavo Ribeiro. A reportagem procurou a ABPA para uma análise do panorama atual do mercado de ovos após a quaresma e aguarda retorno. 

Fonte: O Tempo

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