Quase 2.400 brasileiros em Israel pediram ajuda ao Itamaraty para deixar o país

Subiu para 2.377 o número de brasileiros em Israel e na Palestina que pediram repatriação à embaixada do Brasil em Tel Aviv, por causa do conflito iniciado por um ataque do Hamas no sábado (7).

O número é desta terça-feira (10) e tende a aumentar. O governo brasileiro montou uma operação para repatriar nacionais na área de conflito com partidas de voos de Tel Aviv desta terça-feira ao sábado (14). 

Há seis aviões disponíveis para a missão. Além da equipe de voo, eles levam médicos e psicólogos da Aeronáutica para dar apoio aos brasileiros. 

Itamaraty aguarda autorização do Egito para tirar 26 brasileiros da Faixa de Gaza

O Ministério das Relações Exteriores informou, também nesta terça-feira, que aguarda autorização do Egito para repatriar por terra 26 brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Há ônibus alugado pronto para fazer o traslado. 

A região sofre intenso bombardeio de Israel, em resposta ao ataque do Hamas no sábado. O grupo controla o conclave, cercado por Israel e pelo Egito. O Itamaraty estima haver 6 mil brasileiros morando na Palestina, sendo ao menos 60 na Faixa de Gaza.

Outros 30 brasileiros estariam vivendo na parte sul de Israel, na fronteira com Gaza, que foi alvo principal do Hamas no primeiro dia do conflito e ainda recebe saraivadas de tiros de metralhadoras, além de foguetes.

A Faixa de Gaza é um enclave palestino governado pelo Hamas – considerado um grupo terrorista por diversos países do Ocidente, além de Israel –, que é densamente povoado e sofre com conflitos, bloqueios e pobreza. 

Limitada ao norte e ao leste pelo território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito, Gaza tem 2 milhões de pessoas vivendo em um estreito território de 360 km², sendo 41 km de comprimento e entre 6 a 12 km de largura. São 6 mil habitantes por km², uma das densidades populacionais mais altas do mundo.

Brasileiro que estava em rave é encontrado morto

Um dos brasileiros que estavam na festa rave atacada pelo grupo terrorista Hamas em Israel no sábado, Ranani Nidejelski Glazer, 24 de anos, foi encontrado morto na segunda-feira. A informação é da família do rapaz. O Ministérios das Relações Exteriores do Brasil confirmou na manhã desta terça.

Gaúcho de Porto Alegre, Ranani Glazer morava havia sete anos em Israel, onde também reside o pai – a mãe mora em Porto Alegre. Com cidadania israelense, o jovem prestou serviço militar em Israel. Vivia em Tel Aviv com amigos e trabalhava como entregador. Ele é amigo de Rafael Zimerman, brasileiro ferido pelo Hamas. Ambos estavam juntos na festa rave, mas se separaram durante a fuga.

Ranani também foi à festa acompanhado da namorada, Rafaela Treistman. O casal perdeu o contato em meio à fuga. Pouco depois, Ranani postou um vídeo em rede social em que mostra a fumaça e é possível ouvir o som dos foguetes. Ele ainda narrou a apreensão quando percebeu que se tratava de um ataque, já em um bunker, onde acreditava estar seguro.

"Cara, eu juro que essa situação não tem como inventar. No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente tá num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo, quilômetros, para achar um lugar pra se esconder, velho", disse.

Duas brasileiras que estavam no mesmo festival de música eletrônica continuavam desaparecidas até a manhã desta terça-feira. 

Outro brasileiro foi ferido dentro de um bunker

Rafael Zimerman ficou ferido com estilhaços de granada. Ele estava com amigos, mas, em meio aos tiros e foguetes dos terroristas, se separou. Correndo pelo deserto, encontrou um bunker, onde já havia outros jovens. Mas o local acabou atacado com tiros e granadas por terroristas. Houve mortes no local. 

Zimerman foi encontrado por socorristas desacordado e com vida. Eles o levaram ao hospital em Soroka e depois o transferiram para Haifa, onde foi atendido e recebeu alta. 

O evento em que estavam os brasileiros era uma edição local do Universo Paralello, criado em Goiás pela família do mundialmente famoso DJ Alok e realizado anualmente em uma praia da Bahia. O pai dele, Juarez Petrillo, estava no local. Com o nome artístico de  DJ Swarup, havia sido contratado para se apresentar – o festival foi organizado por uma empresa isralense, que pagou para usar o nome e o modelo do festival brasileiro.

Confira quem são as jovens brasileiras desaparecidas

As duas jovens brasileiras que foram dadas como desaparecidas após o ataque do Hamas são as cariocas Bruna Valeanu e Karla Stelzer.

Em entrevistas, amigos de Bruna e Karla contaram que elas mandaram mensagens por aplicativo para parentes e amigos, na manhã de sábado (horário local). No entanto, depois que as notícias do ataque à rave se espalharam elas não enviaram nem responderam mensagens nem telefonemas.

Familiares dos três brasileiros foram orientados por autoridades israelenses a se dirigirem a alguma delegacia de polícia do país para colher amostras de DNA, por causa da quantidade de vítimas encontradas na área da festa. 

Autoridades do governo isralense foram informadas no domingo que haviam sido localizados cerca de 260 corpos na área do festival de música eletrônica, no distrito sul do país. Até a manhã desta segunda-feira não haviam sido identificadas todas as vítimas. Também era incerta a quantidade de desaparecidos.

Fonte: O Tempo