Fiscal do Ibama observa destruição de material usado por garimpeiros para explorar ouro ilegalmente no Território Indígena Yanomami, em Roraima (Foto/Divulgação/Assessoria de Comunicação do Ibama)
Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) destruíram um acampamento de garimpeiros e inutilizaram os equipamentos usados para extrair cassiterita e ouro, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, em mais uma operação contra a atividade ilegal no território.
A ação ocorreu na região do Xitei, uma das áreas mais devastadas na terra Yanomami. Os servidores do Ibama encontraram e apreenderam duas toneladas de cassiterita e 254 gramas de mercúrio, munições calibre 20 e quatro celulares no acampamento dos garimpeiros.
Além do ouro, a cassiterita é um dos minérios mais visados pelos garimpeiros na terra Yanomami. A tonelada dele custa cerca de R$ 144 mil no mercado internacional. Assim como ouro e todos os outros minerais, a extração da cassiterita é proibida no território indígena, de onde ela é levada por helicópteros e aviões clandestinos.
Durante a fiscalização na região do Xitei, agentes do Ibama foram abordados por indígenas em busca de tratamento médico. A Funai foi acionada e está organizando ação para assistência médica na localidade.
Desde que o governo federal decretou emergência na saúde na terra Yanomami, há mais de um mês, devido à crise humanitárias com a morte em série de indígenas por causa da malária e desnutrição, o Ibama, a Funai, a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal tem atuado para expulsar os garimpeiros da região.
Estima-se que haja ao menos 20 mil garimpeiros estejam no território Yanomami, onde moram cerca de 30 mil indígenas. Além da destruição da vegetação, a atividade garimpeira é apontada como principal causadora das mortes dos indígenas, devido à contaminação dos rios e a entrada de doenças no território, onde os seus habitantes não têm imunização.
Garimpeiros atacaram a tiros servidores do Ibama e policiais militares
Na sexta (24), a PF deslocou parte do efetivo envolvido na operação Libertação – criada para atuar no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami – para a aldeia Palimiú, onde fica a base federal atacada por garimpeiros quinta-feira (23).
Há duas semanas, o Ibama montou uma barreira contra a entrada de embarcações clandestinas no território indígena. Na última segunda (20), a base ganhou uma estrutura de cabos de aço, que atravessa o rio Uraricoera.
Na quinta, um grupo de garimpeiros tentou furar o bloqueio com barcos. Ao serem abordados por agentes do Ibama, eles responderam com tiros. Os fiscais do Ibama, também armados, revidaram.
No tiroteio, um dos garimpeiros, cujo nome não foi divulgado, ficou ferido e foi detido pela PF. Ele permanecia internado até a madrugada desta sexta.
A tropa da PF conta com apoio de helicópteros das Forças Armadas. Os agentes foram mobilizados após o serviço de inteligência da corporação apontar para uma possível movimentação de garimpeiros em busca de novo ataque à base.
Também na quinta, garimpeiros atacaram, a tiros, policiais militares na região do rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami. Seis suspeitos estão presos, sendo um homem, de 50 anos, e cinco jovens, entre 22 e 26 anos.
Fonte: O Tempo