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Tudo ficará mais caro porque a gasolina subiu? Veja o que ocorre com a inflação

Alta terá impacto no IPCA de março, avalia Fundação Getulio Vargas (FGV)

O Tempo
Publicado em 01/03/2023 às 14:19Atualizado em 01/03/2023 às 14:24
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Litro da gasolina em Uberaba ultrapassa os R$ 5 em alguns postos após a reoneração dos combustíveis ser oficializada pelo Governo Federal (Foto/JC Duran)

A gasolina mais cara, após a reoneração dos impostos federais a partir desta quarta-feira (1º), não impacta somente os motoristas, mas também os preços em diversos setores da economia e a inflação. O aumento do valor do combustível tem potencial para elevar em 0,32 pontos percentuais a inflação prevista para março, o que analistas consideram um salto significativo. A gasolina não tem, entretanto, o mesmo potencial de elevar preços de forma generalizada que o diesel, e seus maiores impactos ainda são sobre os motoristas.

O cálculo é do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), André Braz. Ele explica que a inflação oficial de março deve terminar em 0,70%, impulsionada pela gasolina — é um valor considerável, avalia o pesquisador, mas que está aquém do 1,6% registrado no mesmo período de 2022. “A gasolina é muito significativa, porque responde por mais ou menos metade da inflação prevista para março”, diz.

Ainda que aumente a inflação em geral, contudo, a gasolina não tem potencial para contaminar substancialmente o preço dos alimentos e outros produtos e serviços além do transporte, avalia Braz. “O combustível que pesa para todo mundo é o diesel. Ele tem participação muito pequena no orçamento familiar, mas movimenta caminhões nas estradas, encarece a passagem de ônibus e o frete que traz produtos para os grandes centros urbanos”, detalha. O diesel teve uma diminuição de R$ 0,08 por litro a partir desta quarta-feira (1º), por decisão da Petrobras, e continua isento dos impostos federais.

Mesmo com o impacto do preço da gasolina sobre a inflação de março, o pesquisador da FGV André Braz pondera que a escalada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não deve ser tão intensa neste ano quanto foi em 2022. “É um ano um pouco diferente, sem crise hídrica, o que garante boas safras agrícolas. Os alimentos devem subir bem menos em 2023, aliviando pressões inflacionárias. A incerteza é ditada por questões fiscais, porque o governo está sem muito dinheiro para honrar compromissos, o que obriga a retomada de impostos que foram suspensos na corrida eleitoral”, conclui.

Já o professor de economia do Ibmec Claudio Shikida pondera que o ano pode trazer surpresas na inflação. “O cenário é diferente, mas tão grave quanto o de 2022. Continuamos tendo problemas externos, como a guerra da Ucrânia. E, se o governo mexe muito nas decisões da Petrobras, mexe nas ações da empresa, o mercado fica pessimista e isso tem impactos de médio e longo prazo. Não está claro o que o governo fará”, finaliza.

Fonte: O Tempo

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