VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Ao menos 10 mulheres foram vítimas de violência doméstica em Uberaba em 48 horas

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 23/01/2023 às 10:52Atualizado em 23/01/2023 às 14:50
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Ao menos 10 mulheres foram agredidas por companheiros ou ex-companheiros no último final de semana em Uberaba. Os registros são da Polícia Militar e contam desde episódios de ameaças verbais e xingamentos, como “vou te matar” e “sua vagabunda”, até uma vítima que foi arrastada pelo agressor com um carro. A matéria conta detalhes das ocorrências de violência doméstica e pode ser sensível a algumas pessoas.

No primeiro registro, ainda na madrugada de sábado (21), uma mulher de 37 anos foi agredida pelo ex-companheiro no bairro Cidade Jardim. Eles mantiveram relacionamento por um ano, mas terminaram há poucos dias. Ela conta que, na sexta, ele a impediu de sair de casa “para não encontrar homem na rua”. Começou a ofendê-la com palavras de baixo calão, como “vagabunda”, “tranqueira” e “puta”, além de pegar a moto dela. Depois, ele ligou para a vítima e disse que devolveria o veículo, já no sábado, mas não devolveu e ainda a agrediu com puxões de cabelo. O homem, de 45 anos, ainda arrombou a porta do salão de beleza dela e colocou objetos na rua para serem furtados, segundo a denúncia feita aos militares. Ele foi preso pela PM.

Pela manhã do mesmo dia, um homem de 36 anos enforcou uma mulher, de 31, no Centro. Ela relatou aos militares que os dois passaram a noite de sexta fazendo uso de bebidas alcoólicas, mas, ao amanhecer, ele começou a dizer coisas estranhas e a agrediu diversas vezes. A vítima teve que se trancar dentro do banheiro para evitar machucados piores, e foi encontrada pelos policiais com escoriações no antebraço e na região cervical. O homem foi preso, mas resistiu e teve que ser algemado.

Ainda na manhã de sábado, no bairro Beija-Flor 2, uma mulher foi agredida pelo marido. Ela informou que, na sexta-feira, o homem havia bebido e tentado sair de carro pela rua. Neste momento, ela pegou a chave para esconder e ele ficou nervoso e a agrediu. A vítima se trancou no quarto e foi dormir. Já no sábado, ainda nervoso, ele partiu para cima dela com um soco no queixo, puxões de cabelo e enforcamento, ainda de acordo com seus relatos à polícia. A filha dela viu a ação e acionou a PM. Ele fugiu. A mulher relatou que já foi vítima de agressões outras vezes, mas não tomou providências. Ela apresentava lesões aparentes, como escoriações na região do pescoço, além de hematomas no braço esquerdo e no queixo.

Na tarde de sábado, uma mulher de 53 anos foi ameaçada e xingada pelo ex, de 64. Eles mantiveram união estável por 25 anos, mas estão separados há nove meses, apesar de morarem juntos. Ele teria feito ingestão de bebida alcoólica e começou a proferir xingamentos como: “você é uma vagabunda, uma puta”, e a ainda a ameaçou de morte. Ela teme pela própria vida e aceitou ter o caso acompanhado pela patrulha de prevenção à violência doméstica. Ele fugiu.

Quase no mesmo período, uma mulher de 18 anos foi vítima de agressão do ex-companheiro, de 26, no Residencial 2.000. Os dois tiveram um atrito devido a dinheiro e ele partiu para cima dela com socos, tapas, chutes e arremessou uma cesta de banheiro nela, o que causou sangramento e escoriações, de acordo com o que relata no boletim de ocorrência. Ela conseguiu fugir e acionar a PM, e relatou que não foi a primeira vez que foi vítima, mas sempre teve medo de denunciá-lo. Os dois foram encaminhados à Polícia Civil.

Mulher é vítima de violência doméstica (Foto/Reprodução/Agência Brasil)

O sexto caso aconteceu no bairro Universitário, na noite de sábado. Uma mulher, de 47 anos, relatou que passou o dia com o namorado na casa de amigos e, à noite, os dois retornaram para casa. Sem motivo, o companheiro deu uma rasteira nela, ela caiu no chão, e ele começou a dar murros na boca da vítima, causando lesões. Aos militares, ele disse que revidou um tapa na cara que havia levado. Os dois foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil.

Também na noite de sábado, no Residencial Mangueiras, uma mulher de 34 anos relatou que foi agredida pelo ex-companheiro, com quem foi casada por 19 anos. Ela diz que estão separados há dois anos, mas ele não aceita o término e, no sábado, a agrediu com uma chave de roda por ciúmes, causando um edema na testa dela. A vítima ainda foi jogada contra um veículo e sofreu um corte no braço direito. Ela já registrou outros cinco boletins de ocorrência contra ele, mas não possui medida protetiva.

Na madrugada de domingo, uma mulher, de 45 anos, foi agredida verbalmente pelo ex-companheiro, na Vila Arquelau. Ela relata que estava no trajeto para um bar com uma amiga quando o encontrou. Ele, nervoso, começou com agressões verbais. A vítima conta que já sofreu violência por muito tempo, e a filha dela, de 16 anos, também, mas não tomou providências por medo.

Algumas horas depois, a Polícia Militar encontrou uma mulher caída no chão com várias escoriações e hematomas, com duas crianças ao lado, na rua Antônio Zeferino Santos, no Parque das Gameleiras. A vítima, de 27 anos, contou que teve uma união estável com o autor, de 33, mas estão separados há dias. No domingo, ele foi até a residência dela buscar objetos do casal e depois saíram juntos. Houve um atrito e o autor jogou a vítima no chão da rua e depois começou a desferir socos e chutes pelo corpo dela. Ele só parou porque a filha dela, de 11 anos, implorou que ele parasse. O homem ainda pegou uma bicicleta e passou por cima das pernas da mulher, o que causou hematomas e escoriações. Ela já havia registrado dois boletins de ocorrência contra ele.

O último caso registrado pela PM neste fim de semana foi registrado no Residencial Estados Unidos, na manhã de domingo. Uma mulher, de 32 anos, contou que teve um relacionamento com um homem, de 42 anos, por 24 meses. Em dezembro, eles teriam começado a morar juntos na casa dele. Na data da ocorrência, ele entrou no quarto e disse que precisava conversar com ela. Neste momento, começou a chamá-la de “vagabunda” e “prostituta” e jogou as coisas dela no chão, ordenando que saísse de casa. A filha dela, de três anos, começou a pedir para que ele não batesse na mãe. Ele ficou estressado porque viu uma conversa dela com um amigo.

Após a discussão, ele a segurou pelos braços e ameaçou dar um soco na boca dela. Mas desistiu, jogou a mulher no chão e tentou sair de carro. A vítima se posicionou na frente do veículo e ele a arrastou, o que causou uma bolha de sangue na planta do pé esquerdo dela. Ela começou a gritar, os vizinhos saíram na rua e ele desistiu de dirigir. No entanto, ao fechar o portão, a vítima ainda ficou prensada. Foi a segunda vez que foi vítima de violência dele e, na outra, a filha também presenciou a agressão.

Se você é vítima de violência doméstica ou conhece quem seja, pode procurar o Centro Integrado da Mulher (CIM), na rua Luiz Próspero, 242, no Parque das Américas. O telefone é (34) 3312-9161. Caso a mulher esteja em situação de vulnerabilidade e necessite de um atendimento de urgência, a Polícia Militar deve ser acionada pelo 180 ou 190.

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