Policiais dão socos, chutes e batem cabeça de suspeito no chão durante abordagem em MG

A Polícia Militar (PM) instaurou um procedimento interno para apurar denúncias de violência policial durante uma abordagem ocorrida em julho deste ano em uma praça de pedágio da MG-050, em Itaúna, na região Centro-Oeste de Minas Gerais. Câmeras de segurança da concessionária que administra o trecho flagraram os militares agredindo com chutes, socos e, até mesmo, batendo a cabeça de um dos suspeitos no chão. 

A dupla, sendo um homem de 40 e outro de 24 anos, foi presa por tráfico de drogas após serem descobertos 53 kg de maconha no porta-malas do carro onde estavam. Porém, segundo Davi Pimenta e Thiago Félix, que são os advogados dos homens, eles estão pedindo a liberdade dos clientes na Justiça devido à ilegalidade da prisão. 

"Eles torturaram meus clientes, uma abordagem totalmente ilegal. Inicialmente, não localizaram nada de ilícito com eles, consultaram os dados e não tinha nada. Só que começaram as agressões, bateram a cabeça dele no chão umas três vezes, chutaram. Esse abuso de autoridade configura tortura. Então, estamos buscando o relaxamento da prisão, pois não se pode punir um crime cometendo outro", argumenta Félix. 

Corpo de delito foi "indireto"

Durante a audiência de custódia realizada após a prisão da dupla, a juíza teria determinado que os homens presos passassem por novo exame de corpo de delito. Ainda conforme os advogados, isso ocorreu pois, após a prisão, os clientes só teriam passado por exame de corpo de delito "indireto", quando o perito só tem acesso a documentos fornecidos pelos policiais, sem contato com os presos. 

"Só tinha sido feito o exame indireto, e a gente desconfia que tenha sido assim pois nossos clientes tinham apanhado. Só que a polícia não obedeceu a ordem da juíza, e deixaram passar nove dias, para que os machucados desaparecessem. Mas temos fotos do meu cliente com um dente quebrado", completou o advogado Davi Pimenta. 

Em outro momento da abordagem, após a prisão dos suspeitos, as câmeras de segurança mostram, ainda, um dos policiais militares envolvidos na ação comendo sanduíches que eram dos presos enquanto ele e outros "comemoram" a apreensão das drogas. 

PM instaurou procedimento

Procurada pela reportagem de O TEMPO, por nota, a PM confirmou que instaurou um procedimento interno para "apurar os fatos". Conforme a polícia, a ocorrência foi registrada no dia 16 de julho de 2024, quando, durante uma operação policial próxima ao pedágio, um Toyota Corolla foi abordado. 

"No interior do veículo os abordados demonstraram nervosismo e foram identificados como homem de 40 anos com ocorrências policiais por tráfico de drogas, lesão corporal e porte ilegal de arma de fogo e homem de 26 anos com ocorrências policiais por porte de drogas para consumo pessoal e tráfico de drogas", completou a corporação. 

Durante as buscas, a PM acabou localizando 53 barras de maconha no porta-malas, apreendendo ainda dois celulares e o veículo dos suspeitos, que estava emplacado em São Paulo. 

"Quanto ao conteúdo das filmagens a PM reafirma o seu compromisso com a transparência e lisura nas suas atividades policiais e já deu início há um procedimento para apurar os fatos", concluiu.

Fonte: O Tempo