O levantamento foi realizado a partir da lista de detidos divulgadas pelo STF e pela Seape-DF com cruzamento de dados do TSE (Foto/Sergio Lima/ AFP)
Ao menos 56 ex-candidatos, que disputaram as eleições desde 2002 no Brasil, foram presos por envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro de invasões às sedes dos prédios do Três Poderes, em Brasília.
Entre aqueles que se candidataram no último pleito, há 11 pessoas. Entre elas, a vereadora de Bom Jesus (SC) Odete Corrêa de Oliveira Paliano. Em 2022, Paliano concorreu para deputada estadual por Santa Catarina, teve 564 votos e não se elegeu. Ela é filiada ao Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. A legenda concentra o maior número de candidatos de 2022 que foram detidos, ao todo são cinco pessoas. É o que aponta levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
Entre os presos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro estavam os policiais Ademar Bento Mariano (PTB-PR), Carlos Ibraim Gomes (PTB-MG) e Henrique Fernandes de Oliveira (MDB-SP). Todos eles disputaram as eleições de 2020 para vereador. Há ainda um outro PM que foi preso: Wilson Fernando Gomes (PDT-GO). Ibraim Gomes disputou a eleição na cidade mineira de Doresópolis.
Dos 56 candidatos presos, pelo menos nove são de Minas Gerais. Segundo o levantamento da Abraji, alguns deles disputam eleições desde 2018 foram presos. São eles:
Ana Paula Neuber Rodrigues (Patriotas-MG)
Carlos Ibraim Gomes (PTB-MG)
Ezio Guilherme da Silva (Patriotas-MG)
Francismar Aparecido da Silva (Patriota-MG)
Josiel Gomes de Macedo (PSB)
Luiz Adrian de Moraes Paz (PRTB)
Thiago Queiroz (PL)
Luiz Fernando de Souza Alves
Maryanna Silva Gonçalves
Pastor de Itajubá
Francismar Aparecido da Silva, 46, que concorreu ao cargo de vereador em Itajubá (Patriota-MG), no Sul de Minas, em 2020 com o nome Pastor Francismar Marujo Filho. Ele não foi eleito.
Quem também foi levado para o Complexo da Papuda, foi o jornalista e redator Adrian de Moraes Paz (PRTB), de 54 anos. Ele foi candidato a deputado estadual em 2022 e disputou a prefeitura de Patos de Minas em 2020.
Na cidade, Adrian de Moraes é apontado como um dos principais organizadores de acampamento em frente ao quartel do Exército no município. Nas invasões do dia 8 de janeiro, em Brasília, ele fez vídeos dos bolsonaristas radicais. Mas, depois apagou os registros das suas redes sociais.
Outro candidato preso que é de Patos de Minas é o advogado Thiago Queiroz. Ele disputou uma cadeira para deputado estadual em 2022 pelo Partido Liberal (PL). Ele não foi eleito e recebeu 632 votos.
Os vídeos que Queiroz fez das invasões no dia 8 de janeiro ficaram conhecidos. Em uma das transmissões ao vivo, ele Thiago Queiroz aparece de dentro do plenário do Senado. "Olha, tudo quebrado aqui. Não sobrou nada. Vou ter que levar alguma coisa de lembrança daqui”, disse à época celebrando os atos de vandalismo.
A empresária Ana Paula Neubaner Rodrigues, 35, filiada ao Patriotas, concorreu ao cargo de vereadora na cidade de Ipatinga. No sistema da Justiça Eleitoral, não constam declarações com gastos de campanhas dela em 2020. Também não há dados sobre arrecadação.
Outro candidato da região do Vale do Aço que foi preso é o médico cardiologista Ezio Guilherme Silva, 59, que disputou a prefeitura de Coronel Fabriciano pelo Patriotas, em 2020. Ele recebeu 392 votos (0,71%).
A exemplo do PRTB, PTB, Patriotas, não foi apenas partidos ligados a base de apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL) que tiveram candidatos presos nos atos do dia 8 de janeiro. Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), Josiel Gomes de Almeida Macedo, 50, concorreu a reeleição como vereador em Uberlândia.
As informações foram obtidas em uma coleção pública da Abraji dentro do Pinpoint do Google. O levantamento foi realizado a partir da lista de detidos divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF). A lista foi cruzada com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de registro de candidaturas.
Também estão disponíveis documentos de Regina Aparecida Silva (PMN-RR). Ela é a única candidata a suplente de senador que consta no levantamento da Abraji. Regina estava na chapa de Juiz Helder Girão. A candidata declarou um patrimônio de mais de R$ 1,3 milhão ao TSE.
A candidatura de Girão para o Senado por Roraima em 2022 foi indeferida. Ele é conhecido por se envolver em diversas polêmicas, dentre elas a decisão que suspendeu a entrada de venezuelanos, em 2018, pela fronteira do Brasil.
Fonte: O Tempo