COMBATE AO CRIME

‘Cenário bastante grave’, diz Cármen Lúcia sobre participação do crime organizado na política

Presidente do TSE ainda defendeu punição rígida a candidatos que se envolvam em agressões físicas durante a campanha

O Tempo
Publicado em 30/09/2024 às 09:20
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A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra Cármen Lúcia, classificou como “bastante grave” o estágio em que está o envolvimento de organizações criminosas na política.

Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (29), ela afirmou que há uma “ousadia” do crime organizado em querer ser um formulador de leis, exercendo o papel que seria do Poder Legislativo, sobretudo nos municípios.

“Há um risco real de que esse comportamento se estenda às instâncias estaduais e até nacionais. É grave esse atrevimento criminoso. Hoje, por exemplo, às 6h30, recebi uma ligação do presidente de um tribunal regional eleitoral, manifestando preocupação com a segurança de um juiz que está sendo ameaçado. [...] Devemos adotar medidas imediatas, tanto para evitar que os criminosos alcancem seus objetivos quanto para impedir que algo que já tenha começado em outros momentos se perpetue”, disse.

A ministra citou o assassinato do prefeito do município de João Dias (RN), que era candidato à reeleições, e destacou que neste e em outros casos há indícios de envolvimento de facções criminosas. Pelo menos sete candidatos nas eleições deste ano já foram assassinados desde agosto.

Cármen Lúcia afirma que instalou um grupo de especialistas do Ministério Público e da Polícia Federal para verificar, a partir dos pedidos de registro de candidatura, se havia pessoas envolvidas em processos relacionados a organizações criminosas.

Punição a candidatos

A presidente do TSE também defendeu uma rígida punição a candidatos que se envolvam em episódios de agressão física. Só na eleição para a Prefeitura de São Paulo, foram dois casos neste ano: a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) e o soco do videomaker de Marçal no marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB).

“Se o Estado existe para garantir a pacificação social, como pode alguém que se apresenta de forma agressiva ser um pacificador quando assumir o cargo? A pessoa que trabalha o dia inteiro quer chegar em casa, assistir a um debate esperando ver propostas para sua cidade e aí assiste a um pugilato? Não é aceitável”, questionou.

Fonte: O Tempo

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