Com déficit financeiro de R$ 250 mil/mês, atual gestão da Câmara Municipal de Uberaba (CMU) teve que ajustar a gestão financeira para manter contas em dia. Durante entrevista ao Pingo do J, na Rádio JM, o presidente da Câmara Municipal de Uberaba (CMU), Ismar Marão (PSD), admitiu que o Poder Legislativo está em fase de ajustes financeiros, em função de postergação de contas da gestão passada, que esteve à frente da Mesa Diretora da CMU.
Entenda o caso: Ex-presidente da Câmara deixa dívida milionária para sucessor
O reajuste nos vencimentos dos vereadores, aprovado na legislatura 2021/24 também teria impactado negativamente nas contas. Ismar não falou em valores, mas a jornalista Lídia Prata, trouxe na coluna Alternativa, no Jornal da Manhã, que na legislatura passada, a presidência da Casa anulou o empenho de vários contratos, inclusive com a Cemig. Deixou de pagar a conta de energia elétrica, no montante equivalente a R$ 55 mil. Também estaria pendente até mesmo o pagamento à Fundação de Ensino Técnico e Intensivo (FETI) para remuneração dos estagiários do Probem, valor estimado em quase R$ 26 mil.
Ainda conforme a coluna, as contas postergadas para 2025 totalizaram R$ 1,2 milhão, incluindo vale transporte (cerca de R$ 21 mil), locação de veículos (131 mil reais), alugueis do anexo da Câmara (R$ 186 mil), manutenção dos equipamentos de informática (R$ 88 mil) e a obrigação de pagar o acerto rescisório pelo falecimento da servidora Diva Magalhães, em torno de R$ (132 mil) e da rescisão por aposentadoria da servidora Evacira Coraspe (R$ 187 mil).
“Nós teremos uma reunião com o (secretário municipal de Fazenda, Roberto) Tosto, dia 20 ou 21, para discutirmos sobre o valor do duodécimo para a Câmara Municipal. E, nesse período, vamos concluir o levantamento financeiro da Câmara, para conhecermos a situação da Casa. Houve um levantamento equivocado do impacto do aumento dos subsídios dos vereadores (de aproximadamente R$ 13 mil para R$ 20 mil). Estamos estudando para entendermos onde ocorreu esse equívoco”, disse Ismar.
Conforme o presidente do Legislativo, apesar da situação financeira delicada, não houve comprometimento nos pagamentos da CMU a servidores e fornecedores. “Fizemos alguns ajustes, com economia de R$ 300 mil. Quitamos o que precisava, mas estamos com déficit financeiro de R$ 250 mil mensal”, revelou Ismar.
Para continuar com as contas em dia, Ismar disse que terá que continuar cortando na carne. “Temos que economizar”, frisou.
Sobre alguma implicação à gestão anterior, por conta da situação financeira da Câmara, Ismar disse que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) pode promover alguns questionamentos. “Nós apresentamos, não apenas para o ex-presidente da Câmara (vereador Fernando Mendes, que foi reeleito para mais um mandato), como para todos os nossos colegas, a situação financeira da Câmara Municipal”, relatou Ismar.
Após publicação no JM Online, o ex-presidente do Legislativo, vereador Fernando Mendes (Republicanos), se manifestou por meio das redes sociais sobre a situação financeira atual da CMU.
Conforme a publicação do parlamentar, “não há rombo ou dívida deixada”. Ela assegura que encerrou o ano de 2024 “sem nenhuma dívida pendente. Todas as despesas previstas foram quitadas dentro do orçamento disponível. Não houve déficit financeiro deixado para a atual gestão, apenas uma readequação de prioridades”.
Sobre o cancelamento de empenhos, Mendes escreveu que se tratou de uma decisão estratégica e legal. “De fato, foram cancelados alguns empenhos, mas é preciso deixar claro que eles não eram referentes a pagamentos de 2024, e sim de 2025. Essa decisão foi tomada dentro das normas de gestão pública e sem qualquer prejuízo financeiro, pois essas despesas seriam naturalmente cobertas pelo orçamento de 2025”.
O ex-presidente da CMU assegurou que a realocação de recursos foi para atender a população. “Diante das fortes chuvas que atingiram Uberaba no fim de 2024, optamos por destinar os recursos disponíveis para ações emergenciais e melhorias na infraestrutura da cidade, garantindo um uso mais eficiente do dinheiro público”, publicou.
Mendes garante que exerceu uma gestão transparente e dentro da legalidade. “A Presidência da Câmara tem autonomia para definir a melhor estratégia financeira dentro das regras estabelecidas. Não houve qualquer irregularidade ou ação que comprometesse o orçamento da Casa”, escreveu em suas redes sociais.
Por fim, o parlamentar assegurou que o orçamento de 2025 cobre as despesas previstas. “Vale reforçar que o orçamento de 2025 já contempla as despesas que foram remanejadas. Nada foi deixado sem cobertura financeira, e a atual gestão tem plena condição de arcar com os compromissos previstos. Nosso compromisso sempre foi e continuará sendo a boa gestão dos recursos públicos e o respeito à população uberabense. Estamos à disposição para esclarecer qualquer dúvida e reafirmamos nosso compromisso com a transparência e a responsabilidade fiscal”, finalizou.
Em sua publicação, o vereador Fernando Mendes não esclareceu sobre o impacto financeiro causado pelo reajuste do salário dos vereadores para a atual gestão. O atual presidente, Ismar Marão, disse à Rádio JM que, pode ter ocorrido um equívoco sobre o custo para os cofres públicos do aumento de R$ 12,8 mil, para mais de R$ 20 mil. A majoração nos vencimentos dos atuais vereadores foi aprovada na legislatura passada, sob a gestão de Fernando Mendes, mas a previsão orçamentária para 2025 não contempla os valores atuais em sua totalidade.
Outro ponto não abordado pelo ex-presidente em sua publicação oficial foi sobre o acerto das servidoras Diva Magalhães, falecida no ano passado, em torno de R$ 132 mil, e da jornalista Evacira Coraspe, em R$ 187 mil, por aposentadoria.