Esquentou o clima na reunião do Conselho Municipal de Saúde, realizada na noite de quarta-feira.
Segundo informações da conselheira Mirtes Reis, representante dos trabalhadores e do Sinte-MED, a reunião se estendeu por mais de quatro horas, inclusive com picos no debate beirando agressão verbal. “O secretário municipal de Saúde, Valdemar Hial, pediu para que não fôssemos à imprensa apontar as falhas do sistema de saúde, porque ela distorce as nossas palavras”, disse Mirtes, lembrando que, enquanto conselheiros, todos são livres para manifestar seus descontentamentos.
Acusados pelo secretário de tentar denegrir a sua imagem, os conselheiros revidaram e, segundo Mirtes, é Hial quem vem denegrindo a própria imagem, quando deixa faltarem medicamento, leito e médicos para o atendimento aos usuários.
Em reunião anterior, realizada sem a presença do presidente do Conselho, o secretário Hial, os conselheiros elaboraram um documento contendo nove itens, os quais consideram emergenciais para a gestão da saúde, com prazo para serem resolvidos.
O documento, assinado por todos os presentes, foi apresentado na reunião mensal do Conselho, aprovado por unanimidade e entregue ao secretário de Saúde. “Nós realmente demos um ultimato ao secretário, e a prova é o documento que enumera itens e estipula prazo para resolução dos problemas”, disse Mirtes, citando a falta de medicamentos e de exames complementares, a redução de horário de atendimento nas unidades matriciais e a falta de médicos no PSF, como assuntos que requerem ação urgentíssima.
Para a falta de medicamentos, os conselheiros aguardam manifestação no prazo de cinco dias úteis e que as soluções sejam permanentes. Lembram que as reclamações se avolumam, com os processos especiais protocolados na Farmácia Básica que aguardam liberação para aquisição de medicamentos, já chegam a mais de 600.
Também determinam a aquisição de aparelhos que diminuam o tempo de espera do usuário para a realização de exames. A fila de espera, que atualmente apresenta cerca de 40 pedidos (de ultrassom, biopsia, cintilografia, ressonância e outros), deve chegar a um patamar aceitável, ou até mesmo ser zerada.
Outro item está relacionado aos diabéticos, submetidos a um tempo excessivo em jejum, quando da coleta de material para exame, com risco de serem acometidos ao coma diabético, seguido de AVC. Exigem a revisão dos procedimentos e aguardam resposta no prazo de 10 dias.
Quanto à falta de médicos nos PSFs, o documento cita 20, mas ressalta não saber precisar o número exato, assunto que requer ação urgentíssima. Os demais itens, considerados de igual importância, também determinam data para ser solucionados.
O secretário municipal de Saúde não foi localizado, mas o subsecretário, Gilberto Magnino, afirmou que todas as reivindicações serão encaminhadas à secretaria e, dentro do possível, atendidas.