O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara (Foto/Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
Para além de ter respondido a perguntas dos deputados federais sobre temas como inflação e reforma tributária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, bateu boca com parlamentares em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, nesta quarta-feira (22).
Um dos motivos foi um questionamento sobre a possível retomada do imposto de importação sobre encomendas do exterior no valor de até US$ 50. Hoje, esse tipo de compra é taxada apenas pelo ICMS, que é um tributo de caráter estadual.
Ao ser perguntado pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP) qual a posição do governo, disse que a Fazenda ainda iria esperar para se posicionar, defendeu a decisão dos governadores e acusou o parlamentar, contrário à taxação, de ideologizar o debate.
"Pega o microfone e fala mal do Tarcísio [governador de São Paulo]. Fala! O varejo brasileiro é honrado, feito de empresário honrados, a indústria é honrada. As pessoas que mandaram esse documento para nós são honradas, merecem ser ouvidos. Feche a porta para ouvir a parar de lacrar na rede", disse Haddad.
Kim Kataguiri respondeu acusando o ministro de ser leviano em suas colocações e fugir de algumas das perguntas. "Ele também disse que eu não recebo representantes [do setor industrial], que estaria lacrando. De três questionamentos que eu fiz, ele não respondeu, sobre privilégios, elite do funcionalismo público, paternalismo. E que o ministro está fugindo de responder é qual o posicionamento do Ministério da Fazenda da imposição de imposto de importação em 60% para as compras online", respondeu.
‘Faz o DNA’
Em outro momento, o deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou que o Brasil vive uma “pandemia econômica” e que os números do atual governo Lula são piores que os da pandemia da covid-19. Além disso, destacou que o governo estava maquiando os indicadores das contas públicas.
Haddad acusou o deputado de propagar fake news, argumentando que boa parte do déficit de 2023 se deveu a um “calote” dado pelo governo Jair Bolsonaro no pagamento de precatórios.
“Só tiveram dois presidentes que deram calote: Collor e Bolsonaro. Aí vem o presidente e paga o calote, ‘ah, olha o déficit que o presidente Lula fez’. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote”, afirmou.
‘Terra é redonda’
Haddad também teve uma discussão com o deputado Abílio Brunini (PL-MT). O parlamentar bolsonarista chamou o ministro de “negacionista”, pois estaria negando a situação econômica ruim do país.
“Não acredita nos números? O senhor não queria estar no ministério da Fazenda e gostaria de estar no ministério da Fazenda tocando Blackbird?”, disse, em alusão a uma entrevista em que o petista toca, no violão, a canção dos Beatles.
O ministro se irritou e respondeu lembrando de momentos do governo Jair Bolsonaro. “Eu defendi a vacina o tempo todo. A Terra é redonda o tempo todo e vocês negam. Negam que a vacina previne, negam que deram calote em precatório, calote em governador e eu que sou negacionista?”.
Fonte: O Tempo