A Justiça mineira determinou que o deputado federal André Janones (Avante-MG) poderá ser preso caso descumpra as medidas protetivas impostas em processo movido por sua ex-companheira, a prefeita de Ituiutaba (MG), Leandra Guedes. A decisão, assinada pelo juiz Paulo Fernando Naves de Resende, é amparada pela Lei Maria da Penha e considera a gravidade das acusações apresentadas pela chefe do Executivo municipal.
Leandra acusa Janones de ameaças, chantagens e da prática conhecida como “pornografia de revanche” — crime previsto no artigo 218-C do Código Penal, que trata da divulgação de conteúdo íntimo sem consentimento. Segundo o processo, o parlamentar teria enviado uma foto íntima da prefeita, tirada quando os dois mantinham um relacionamento, ao secretário municipal de Saúde de Ituiutaba. A imagem, que foi anexada à ação, mostra Leandra deitada, usando lingerie preta, com a mão de um homem sobre seu corpo — supostamente de Janones.
De acordo com a denúncia, o envio da foto teria ocorrido como forma de pressão política. O deputado teria ligado para o secretário e ameaçado “destruir” a prefeita caso a procuradora do município — envolvida em uma discussão com Carla Janones, irmã do parlamentar e então secretária de Administração — não fosse exonerada. A imagem seria, segundo ele, apenas um “aperitivo”.
Diante dos elementos apresentados, a Justiça proibiu Janones de se aproximar de Leandra Guedes ou de seus familiares a menos de 300 metros, bem como de manter qualquer tipo de contato — presencial, telefônico ou digital. Também está vetada a divulgação de qualquer material íntimo relacionado à prefeita. O juiz determinou ainda que, caso haja descumprimento de qualquer uma dessas medidas, está autorizada a prisão em flagrante do deputado.
“A narrativa descortina um possível contexto de violência psicológica e moral, com ameaças que [...] afetam diretamente sua vida pessoal [...], com atemorização pela propagação de fotografias íntimas a terceiros”, pontuou o magistrado na decisão.
Leandra Guedes e André Janones viveram em união estável entre 2014 e 2018. Antes de ser eleita prefeita de Ituiutaba, ela atuou como chefe de gabinete do parlamentar em Brasília. Além do crime de pornografia de revanche, Leandra o acusa também de ameaça e violência psicológica, com base na Lei Maria da Penha.
Janones foi notificado sobre as medidas protetivas em janeiro de 2025. Até o momento, ele não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. A reportagem entrou em contato com sua assessoria, que não respondeu. O espaço segue aberto para manifestação.