Gleibe também é alvo de um procedimento na esfera cível, que levou a uma operação de busca e apreensão no mês passado na residência dele
Ex-presidente do PMN em Uberaba argumentou ter ocorrido apenas um equívoco no uso de palavras durante conversa com o engenheiro (Foto/Arquivo)
Após instauração de procedimento para apurar esquema de rachadinha, Ministério Público apresentou denúncia contra o ex-presidente do PMN em Uberaba, Gleibe Terra Júnior, por prática de crime de tráfico de influência. A juíza da 1ª Vara Criminal em Uberaba, Beatriz Auxiliadora Rezende Machado, ainda não se manifestou sobre a acusação.
As investigações deflagradas pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público começaram a partir da divulgação nas redes sociais de um áudio com conversa entre o ex-dirigente do PMN e um engenheiro civil. Na gravação, Gleibe prometia a nomeação do profissional para um cargo na Secretaria de Serviços Urbanos e, em contrapartida, solicitava a transferência de metade do salário ao partido.
Na denúncia, o promotor José Carlos Fernandes Júnior classificou o engenheiro como vítima. O profissional prestou depoimento ao Ministério Público e confirmou que gravou a conversa utilizando o próprio aparelho de celular. Segundo ele, o conteúdo foi divulgado por uma terceira pessoa, sem seu conhecimento. “A vítima, durante oitiva perante o MP, reconheceu a autenticidade do áudio, inclusive exibindo áudio, com idêntico teor, que mantinha arquivado em seu smartphone”, relatou a Promotoria.
A Promotoria também ouviu Gleibe, que argumentou ter ocorrido apenas um equívoco no uso de palavras durante a conversa com o engenheiro. “O denunciado não negou a autenticidade do áudio travado entre ele e a vítima, embora tenha apresentado a versão, não convincente, de que teria se expressado mal, aduzindo que pretendia, em verdade, referir-se a uma contribuição de 5% que a vítima, enquanto filiada do partido político, teria que repassar à agremiação”, continua o texto da denúncia.
Apesar das alegações, o promotor manifestou que o acusado é uma pessoa conhecida no meio político e com trânsito entre agentes políticos municipais. Desta forma, teria se aproveitado da condição para obter vantagem ilícita, solicitando que o engenheiro fizesse o repasse de 50% dos vencimentos ao ser contratado para assumir cargo na Prefeitura. Com isso, o Ministério Público pediu a condenação de Gleibe por crime de tráfico de influência, que pode resultar em multa e pena de reclusão de dois a cinco anos.
Ainda na petição, o representante do Ministério Público ressaltou que o suposto esquema de rachadinha ocorreu sem o conhecimento da prefeita Elisa Araújo, do então secretário municipal de Serviços Urbanos, Anderson Passos, e também do vereador Paulo César Soares China, que pertence aos quadros do PMN e tinha indicado Gleibe para um cargo na Câmara Municipal. O promotor afirmou que as pessoas foram indevidamente expostas com a divulgação do áudio.
Gleibe também é alvo de um procedimento na esfera cível, que levou a uma operação de busca e apreensão no mês passado na residência do ex-dirigente partidário. Dois celulares, um computador desktop e documentos foram apreendidos para subsidiar as apurações de possível ato de improbidade administrativa. Neste caso, o investigado pode ser condenado à reparação de dano ao erário, multa civil, suspensão dos direitos políticos, perda da função pública e até proibição de contratar com o Poder Público. A Promotoria ainda não apresentou denúncia na esfera cível.