O governador Romeu Zema (Novo) deverá esclarecer ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) as obras de recuperação da rodovia MG-482, especificamente no trecho que conecta sua cidade natal, Araxá, ao seu sítio pessoal, localizado na fronteira com Rifania, em São Paulo, após solicitação do órgão. A obra tem um custo estimado de R$ 41,2 milhões. O pedido de investigação foi feito pela deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) e acatado pelo procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, em 29 de junho.
O documento do MP levanta a possibilidade de favorecimento pessoal do governador na ação, tanto no que diz respeito à "conveniência para deslocamentos de lazer" quanto à "valorização imobiliária" da propriedade. Ainda, o procurador-geral determinou a abertura de um procedimento preliminar de investigação, chamado de notícia de fato, o que ainda não indica a existência de indícios de crime ou a abertura formal de uma investigação contra Zema.
Quando as obras foram divulgadas, o governador de Minas Gerais se defendeu nas redes sociais contra as acusações de benefício pessoal nas obras e argumentou que o projeto beneficiaria 700 mil pessoas na região. Ele afirmou em um vídeo publicado em 26 de junho: "A rodovia tem 107 km e não recebe obras há mais de 10 anos. Desde que assumi o mandato como governador, tenho recebido cobranças por melhorias nesta estrada, inclusive com abaixo-assinado dos moradores reclamando dos graves acidentes e perdas de vidas que ocorrem neste trecho".
Zema também destacou que outras estradas, como a MG-464 e a MG-190, também receberão obras com os mesmos recursos.
A deputada estadual Bella Gonçalves comemorou a atuação do MPMG e questionou as motivações por trás da escolha dessas estradas. Ela afirmou: "De fato, o governador mostra fotos que demonstram que essa rodovia está em uma situação de calamidade, mas há muitas outras em uma situação ainda pior em Minas. Por que, em um Estado que está quebrado, ele escolheu essa? Para nós, isso configura imoralidade e uso da máquina pública. Aguardamos as investigações e queremos saber quem deu a ordem para escolher essas estradas".