“Quantos equipamentos como os cinemas, bares e restaurantes, hotéis o centro perdeu?”, indaga o movimento
O Observatório questiona se o Conphau cederá às pressões para rever a legislação atual do Patrimônio Cultural do município (Foto/Arquivo/JM)
O movimento Observatório Urbano se manifestou nas redes sociais contra a mudança na presidência do na presidência do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau). A arquiteta e advogada Aline de Almeida Lima assumiu a presidência do Conphau em lugar do arquiteto urbanista Luiz Mário Molinar Neto. Na manifestação, o Observatório Urbano afirma que Molinar estava empenhado em resolver os problemas “com a garantia de que o patrimônio da cidade fosse preservado”.
Ainda no texto, o Observatório questiona se o Conphau cederá às pressões para rever a legislação atual do Patrimônio Cultural do município. No início da semana, a Prefeitura de Uberaba promoveu uma audiência pública na qual apresentou a minuta da nova legislação. No encontro ficou definido encontro entre o jurídico do Conphau e dos donos de imóveis inventariados e tombados para seguir a discussão sobre ajustes na proposta.
“Quando assistimos algumas pessoas dizerem que os problemas causados pela perda da vitalidade do centro de Uberaba são os imóveis protegidos, sentimos a obrigação de levar a informação correta”, destaca o texto do Observatório Urbano.
O movimento alega que estudos recentes, onde se analisou a atração e repulsão do centro de Uberaba, mostram que perda da vitalidade da área central deve-se a saída de moradores, ao excesso de oferta de imóveis comerciais, ao custo elevado de aluguel, aos novos centros de bairro, aos shoppings centers, aos novos loteamentos que estão a quilômetros da área central e cujo acesso ao centro expandido é restrito e caro.
Ainda segundo a análise apresentada, em 20 anos, a frota de veículos, que já era grande, mais que dobrou, o que também trouxe impactos. A perda de moradores e o envelhecimento da população residente nos bairros ao entorno da área central é fato determinante e que reflete diretamente nos fluxos. Ao mesmo tempo, centenas de imóveis residenciais agora tem uso comercial, resultando em excesso de oferta. “Quantos equipamentos como os cinemas, bares e restaurantes, hotéis o centro perdeu?”, questiona o Observatório Urbano.
Conforme o movimento, esses fatos sim impactam na vitalidade da área central, que historicamente, sempre recebeu mais recursos e investimentos que as áreas periféricas.
Para o Observatório Urbano, de todo esse cenário, a grande virtude do centro é justamente sua arquitetura. “Um imóvel protegido, seja tombado ou inventariado, pode ser utilizado para diferentes usos e é justamente sua qualidade construtiva, sua arquitetura única, seu design, que tem o potencial de torná-lo atraente. Temos belos exemplares, como a panificadora Beliske, o Hotel Tamareiras, a loja do Empório Abreu, a Casa Decor, o Laboratório 96 e tantos outros exemplos. Imóveis considerados patrimônio cultural, carregam espessura histórica. Isso é um fator de atração. Quanto potencial guarda nossa cidade que aspira tornar-se um Geoparque!”, finaliza o texto.
O Grupo JM de Comunicação buscou esclarecimentos sobre o assunto com o ex-presidente do Conphau, Luiz Molinar, durante os últimos meses. Mas, apesar das tentativas, não houve resposta. O espaço continua aberto para manifestação.