A desarticulação dos partidos de oposição na cidade divide a opinião dos próprios líderes partidários. O presidente do PP, Ricardo Saud, está desiludido. De acordo com ele, após a eleição de 2008, descobriu-se que o grupo não tinha um líder que sustentaria a oposição.
Para Saud, os deputados eleitos e que hoje detêm mandato, e consequente imunidade parlamentar para ir à tribuna, comportam-se como se tudo estivesse bem. “Eles nos fazem acreditar que tudo está bem”, disse Saud, afirmando que esses parlamentares tinham a opção de lutar pela democracia e, no entanto, perderam grande força após a derrota de 2008.
Ricardo vem realizando um trabalho de formiguinha dentro do partido, olhando o lado social, segundo ele, tentando manter o PP vivo e fortalecido. Por outro lado, considera normal essa desarticulação aparente após uma eleição. “Cada um vai cuidar do seu quintal”, avalia Saud, lembrando que o momento é de se unir em torno de um novo projeto.
O presidente do PP confirmou as pré-candidaturas de Alan Carlos para deputado federal e do vereador Afrânio Lara Resende para deputado estadual. Quanto a alianças nas esferas estadual e federal, o PP defende que elas sejam em torno de um projeto e não de uma pessoa.
O presidente do PPS, Alaor Carlos de Oliveira Júnior, reconhece que existe, sim, uma desarticulação do grupo. Mas, para ele, comum na entressafra eleitoral. “É até cultural do brasileiro essa fase de acomodação. As pessoas ficam ruminando”, disse Alaor, que vem sendo contatado por interessados em se organizarem.
Umbigos. Alaor não se considera abandonado pelos deputados representantes da oposição, mas também não alisa. “Os deputados sempre estiveram preocupados com o próprio umbigo e adotam discursos de oposição na hora que lhes convém, para promoção de si mesmos e de suas candidaturas. “Não existe deputado com mandato que seja oposição por natureza. Pelo menos entre aqueles que me lembro agora. Exemplo disso está na conduta cotidiana de cada um”, disse o presidente do PPS, para quem o processo eleitoral é diferente, onde as pessoas são instadas a descer do muro e a assumir um posicionamento mais claro para se apresentar de alguma forma aos olhos do eleitor.
Ainda sobre a desarticulação, Alaor afirma que o governo Anderson Adauto está tão parado, tão acanhado e inoperante que não desperta grandes observações por parte da oposição. “Embora a gente não saiba quem o criou para ser tão bom no ruim, sabemos que, por baixo do pano, Anderson opera para manter aparelhada a máquina pública e gozar dos frutos que ela pode gerar”, disse.
Já o presidente do PSDB, Luiz Cláudio Campos, não acredita que o grupo esteja desarticulado. Para ele, embora os partidos tenham se unido em torno de uma aliança, com um projeto comum, cada um tem seu ponto de vista e maneira de atuação independente.
Lembra que a Câmara Municipal tem seu papel de legislar, fiscalizar e apontar. Para ele, os vereadores Itamar, Ripposati, Afrânio e Godoy têm desempenhado muito bem as funções. Para ele, não é o momento de embates e o partido não pode perder o foco da grande responsabilidade de aglutinar em torno de algumas questões, como a volta do PSDB ao Palácio do Planalto, assim como a sequência do trabalho empreendido em Minas.
Campos não tem dúvidas quanto a caminhar juntos nas próximas eleições e cita partidos como o PPS, o PSD, o PTB, o PHS, o DEM, o PV e até o PP, que, embora faça parte da base aliada do governo Aécio Neves, sinaliza com a possibilidade de lançar candidatura à Presidência da República.
Espera. Outro que defende a união do grupo é o presidente do Democratas, Antônio Alberto Stacciarini. Para ele, o momento é de espera. Embora considere difícil a prática da oposição, lembra que ela deve ser feita com inteligência, sem cair na repetição.
Lembra que tudo o que aconteceu nas últimas eleições e os fatos considerados normais acabam por criar um desânimo entre os partidários. Entretanto, garante que nada caiu no esquecimento e que a oposição está se armando para quando o momento chegar. “Não vamos sair dando tiro no escuro”, pondera Stacciarini, que não descarta caminhar nas próximas eleições com o grupo de oposição. “Caminhar isolado não dá”, encerra.