Lula e Bolsonaro durante debate na Band (Foto/NELSON ALMEIDA/AFP)
A Polícia Federal investiga a filiação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Partido Liberal (PL). O inquérito foi aberto a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nos registros oficiais da Corte constava que ele havia se desligado do Partido dos Trabalhadores (PT) e integrava o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro desde 15 de julho do ano passado. O chefe do Poder Executivo nacional havia ingressado no diretório da sigla de oposição em São Bernardo do Campo (SP), onde tem residência e ajudou a fundar do PT.
Apuração preliminar descobriu que o login de uma advogada do PL foi usado para inserir dados falsos e promover a alteração no registo de Lula no TSE. O login já foi cancelado. agora a PF apura possíveis crimes e tenta chegar ao mentor e ao executor da fraude.
O TSE só soube do erro após questionamento de repórter do jornal O Globo sobre a filiação de Lula à legenda comandada por Valdemar Costa Neto e que tem Jair Bolsonaro como presidente de honra. O presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, pediu para a PF abrir uma investigação.
“Considerando a existência de indícios de crime a partir da inserção de dados falsos em sistema eleitoral, encaminhem-se cópia dos presentes autos ao diretor-geral da Polícia Federal para adoção de todas as providências cabíveis que deverão, oportunamente, ser informadas a este Tribunal Superior Eleitoral”, escreveu Moraes na decisão.
Em nota, o TSE acrescentou que há “claros indícios de falsidade ideológica”. O presidente da Corte também retomou o laço formal de Lula com o PT — “é fato notório que é integrante do Partido dos Trabalhadores”, disse — e cancelou o login responsável pela inclusão da informação falsa no sistema da Corte.
A apuração interna descartou a hipótese de “ataque ao sistema ou falha na sua programação” e identificou o uso de “credenciais válidas para o registro de uma nova filiação falsa”. De acordo com a Corte, a inclusão foi feita pelo login da advogada Ana Daniela Leite e Aguiar, que presta serviços ao PL. Ao Globo, ela disse que não se manifestaria e pediu que o contato fosse feito com a assessoria do partido. Costa Neto tratou o caso como uma “grande bobagem”:
“Está na cara que a filiação foi feita por algum hacker. Vamos pedir investigação também à PF. Em outubro, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) apareceu absurdamente como filiado ao PT. As informações da nossa advogada aparecerem como autora da suposta filiação é um fato normal, porque ela está credenciada junto ao TSE para consolidar as filiações em nível nacional”, disse o presidente do PL ao jornal carioca.
O TSE identificou que o login da advogada fez mais de 75 mil ações no sistema, o que, para a Corte, é um sinal de que os dados não estão em posse apenas dela. “É possível que várias pessoas, ou mesmo robôs, estejam usando tais credenciais no processo de gestão do sistema de filiação partidária”, acrescentou Moraes no despacho.
Fonte: O Tempo