Veja tudo o que se sabe sobre cirurgia de Lula no quadril que exigirá intubação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai ser submetido a uma cirurgia no quadril nesta sexta-feira (29) no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, e deve ficar intubado até que seja concluído um implante da prótese. 

O procedimento busca proporcionar alívio da dor provocada pela artrose, a correção de deformidades e a recuperação do movimento da articulação. Com isso, petista terá mais conforto para realizar atividades diárias locomoção. 

Por que Lula sente dores no quadril? 

O petista, de 77 anos, tem artrose e relatou sentir as dores desde agosto do ano passado, ainda durante as eleições de 2022.  

A artrose é provocada pelo desgaste da cartilagem que reveste a articulação. O atrito entre os ossos provoca a dor. No caso de Lula, a degeneração está na cabeça do fêmur, mais especificamente na junção do lado direito da perna com a bacia. E será essa parte do corpo humano do mandatário que será operada. 

Qual material do implante no quadril de Lula? 

A cirurgia a que será submetido, chamada artroplastia do quadril, substitui a articulação “doente” no encaixe da perna com a bacia por uma prótese artificial. No procedimento, a cabeça do fêmur e o acetábulo serão substituídos por implantes metálicos e de porcelana. Para isso, será preciso cortar parte do osso para instalar a prótese.   

Quem são os médicos que vão operar Lula? 

Uma equipe com profissionais de saúde foram deslocadas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para operar o presidente na unidade da instituição em Brasília. Acompanharão a cirurgia de Lula: o médico Roberto Kalil Filho, a médica da Presidência da República, Ana Helena Germoglio, e uma equipe do próprio Sírio.  

Quanto tempo dura a cirurgia de Lula no quadril 

A assessoria do presidente e do hospital não informaram quantas horas deve durar a cirurgia de Lula. Ainda assim, especialista ouvido pela reportagem afirma que duração média para esse tipo intervenção médica é de até 1h30, o que pode variar conforme a experiência da equipe.  

Fellipe Takatsu, médico ortopedista do Hospital Ortopédico AACD,  destacou ainda que é preciso aplicar anestesia geral e intubado o paciente. “Isso faz parte do nosso protocolo para todas artroplastias, pois traz mais segurança no procedimento, visto que temos mais controle do paciente, durante o procedimento”. 

(Leia entrevista completa com o especialista mais abaixo) 

No início da semana, Lula chegou a mostrar preocupação com a cirurgia ao brincar que tinha medo de anestesia geral. Na última quarta-feira (27), o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é médico e anestesista, comentou que não há motivos para o mandatário temer aplicação. “A anestesia é muito segura hoje em dia, totalmente monitorada. O Brasil tem uma saúde de ponta nesse quesito”, afirmou o vice-presidente, que também é médico anestesista. 

Quando Lula deixa o hospital após a cirurgia? 

A previsão é a de que Lula chegue ao hospital por volta das 6h. A cirurgia está agendada para começar na parte da manhã, aproximadamente às 8h. A duração da permanência na UTI está prevista para cerca de 2 dias, dependendo da evolução do quadro de saúde. Posteriormente, ele será transferido para um quarto de recuperação antes de receber alta hospitalar. 

Qual o tempo de recuperação da cirurgia de Lula?  

A recuperação leva cerca de seis semanas. E, segundo a área médica da Presidência, o petista deve ficar três semanas, no mínimo, despachando do Palácio do Alvorada enquanto se recupera. Além disso, Lula vai ficar de quatro a seis semanas sem viajar.  Geraldo Alckmin é quem vai assumir as agendas internacionais até novembro.  

ENTREVISTA COM ESPECIALISTA - Fellipe Takatsu, médico ortopedista do Hospital Ortopédico AACD  

1. O que envolve o procedimento de artroplastia do quadril, e como ele é realizado? 

R: O procedimento consiste na substituição da articulação do quadril doente, por uma prótese interna. Se chama total, pois é trocado tanto a parte do fêmur como do acetábulo.  

2. É comum que a artroplastia do quadril seja realizada sob anestesia geral? E a necessidade de intubação é comum? 

R: Sim, na anestesia geral, se faz necessária a intubação do paciente. E isso faz parte do nosso protocolo para todas artroplastias, pois traz mais segurança no procedimento, visto que temos mais controle do paciente, durante o procedimento.  

3. Qual é a duração média desse procedimento? 

R: É um procedimento que tem uma duração média de 1 hora a 1 hora e 30 minutos. Os fatores que influenciam no tempo cirúrgico, são: Experiência do cirurgião; auxiliares e instrumentadores bem treinados; equipe de anestesia preparada e enfermagem e circulantes ativos. 

4. Como é o processo de recuperação após a artroplastia do quadril em termos de tempo e evolução do quadro? 

R: O paciente está apto para andar logo após o término da cirurgia. Assim que passa o efeito da anestesia, iniciamos o protocolo de reabilitação fisioterápica intrahospitalar. Com auxílio de um andador, o paciente já caminha no mesmo dia da cirurgia. Em cerca de 20/30 dias, já realizamos a retirada do andador e o paciente caminha livremente. De 30 a 60 dias, o paciente já está realizando treinos de força e trotes. De 60 dias a 180 dias, ele já está apto para corridas e retorno a atividades esportivas.  

5. Durante a recuperação, os pacientes geralmente precisam de fisioterapia, andador ou outros dispositivos de assistência?  

R: Sim, como dito acima, é imprescindível a realização de fisioterapia no pós operatório e utilização do andador por alguns dias. 

6. Quais são os riscos e complicações associados à artroplastia do quadril, especialmente para pacientes como o presidente Lula, que tem 77 anos? 

R: Os principais riscos do procedimento são: 

 Grande perda sanguínea na cirurgia; infecção hospitalar; fratura devido a osteoporose; alteração no comprimento dos membros; luxação da prótese (prótese deslocar); lesão de nervos e vasos  

7. Por conta de eventual intubação, pode ocorrer prejuízo na voz do presidente? 

R: A intubação orotraqueal é um procedimento muito seguro, hoje em dia, pois temos aparelhos de última geração, como câmeras com vídeo para realizar o procedimento. E a experiência do anestesista conta bastante também nessas horas.

Fonte: O Tempo