Embora o tempo médio de aleitamento materno venha aumentando de 1999 a 2008, o Brasil ainda está abaixo do ideal
Embora o tempo médio de aleitamento materno venha aumentando de 1999 a 2008, o Brasil ainda está abaixo do ideal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera como ideal que 90% a 100% das crianças menores de seis meses se alimentem exclusivamente de leite materno. No Brasil, esse índice é de apenas 41%. Para manter bebês longe da atuação negativa de micro-organismos e contribuir para o desenvolvimento infantil, a criança precisa do leite materno pelo menos nos primeiros
2 anos de vida.
De acordo com o pediatra Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, quanto mais informações as mães têm sobre amamentação, mais tempo elas procuram amamentar seus filhos. “Inclusive os trabalhos científicos mostram isso. Quanto maior a instrução, maior a chance de a mãe amamentar, porque ela passa a conhecer os benefícios da amamentação não só para a saúde do bebê. Há muitos estudos mostrando que há vantagens para a saúde da própria mãe que amamenta”, esclarece.
O especialista destaca que entre as principais vantagens estão a prevenção do câncer de mama, alguns tipos de câncer de ovário. Além disso, o pediatra revela que a mãe que amamenta por tempo prolongado tem menores chances de desenvolver diabetes e infarto agudo do miocárcio. “Essa conscientização e o aprendizado levam a mãe a amamentar por mais tempo, mas a segunda coisa que tem ajudado a aumentar o número de mães amamentando é a existência de equipes capacitadas em aleitamento materno. Era para ser algo instintivo e natural, mas que o ser humano desaprendeu. Hoje, se não houver o profissional para ajudar a mãe com determinadas dificuldades, ela irá desmamar seu bebê facilmente”, destaca Santiago.
Luciano Borges Santiago alerta que o problema é cultural, já que desde a década de 60 o uso da mamadeira passou a ser disseminado com maior força. “Hoje, é preciso ter muito cuidado. Tanto que qualquer propaganda em que se vai fazer referência a uma criança usa-se como símbolos chupeta e mamadeira. Isso ficou arraigado e vem desde a infância, quando a menina vai brincar de boneca e ela tem mamadeira. Por isso a orientação que damos às mães é que deem bonecas sem chupeta e sem mamadeira para as crianças, porque com a boneca a criança brinca de ser mãe. Quando ela se tornar mãe de verdade, alguma coisa dentro dela irá dizer que toda vez que o nenê chorar ela deve dar a mamadeira”, alerta o médico. (TM)