Infertilidade cresce com decisão de adiar maternidade, diz especialista

A infertilidade atinge cerca de 15% dos casais e tende a aumentar com o adiamento da maternidade. O alerta é da ginecologista Mariana Kefalás, especialista em reprodução humana assistida. Segundo ela, o envelhecimento dos óvulos e a reserva ovariana estão entre os fatores mais críticos.

Ela explica que cada ciclo consome cerca de mil folículos e os óvulos envelhecem junto com a mulher. “Os óvulos de 40 anos já são óvulos que sofreram 40 anos de interferências do meio e o envelhecimento contribui para a dificuldade”, pontua.

A médica recomenda buscar tratamento após um ano de tentativas (antes dos 35 anos) ou seis meses (após os 35). Em casos mais complexos, exames genéticos podem ser feitos no embrião antes da implantação, especialmente em casos de abortos recorrentes ou idade avançada.

A especialista também reforça a importância da avaliação da fertilidade masculina. Segundo Mariana Kefalás, o espermatozoide se renova a cada 90 dias no testículo, mas sofre influência direta do ambiente. “O ambiente testicular vai ficando mais suscetível ao estresse do meio”, alerta, citando fatores de risco como sedentarismo, obesidade, tabagismo, alcoolismo e uso de drogas.

Quando o problema está no embrião, a causa pode ser genética. Mariana Kefalás explica que “alguns indivíduos carregam algumas mutações genéticas e podem ter alterações em cromossomos que, na hora que junta com o do parceiro, leva às vezes algum cromossomo errado, uma mensagem errada e às vezes não evolui o embrião”, explicou. Nesses casos, é possível também fazer a biópsia pré-implantacional para selecionar o embrião que não carrega aquele problema.

Por fim, a médica comenta os avanços e os limites dos tratamentos, além dos impactos do estilo de vida moderno. “Hoje já tem mais de 15 anos de óvulos criopreservados”, contou. Ela lembra que a reprodução assistida não é coberta pelo SUS e que o Conselho Federal de Medicina estabelece normas éticas para a utilização das técnicas desse tipo de procedimento. E conclui com um conselho direto: “O tempo não para. E realmente, se a opção é uma gestação tardia, invista em preservação da fertilidade”.