Antibióticos são úteis para dor lombar, destaca estudo

A dor lombar é considerada um problema de saúde pública que afeta 70% a 80% da população adulta, e a lombalgia, quando crônica, compromete a qualidade de vida em vários níveis. Nem sempre os diversos tratamentos convencionais dão os resultados tão esperados por quem sofre com o problema. Estudos iniciados em 2001 por um grupo de pesquisadores do Royal Orthopaedic Hospital, em Birmingham no Reino Unido, pode oferecer uma nova alternativa para a dor lombar.

De acordo com o ortopedista José Fábio Lana, pesquisadores de coluna vertebral fizeram exames anatomopatológicos e culturas por DNA de discos vertebrais retirados em cirurgias de artrodese, ou seja, de fixação da coluna com placas e parafusos. “Esse estudo demonstrou que 31% dos pacientes com dor crônica na coluna lombar apresentaram positividade em um teste sorológico recém-desenvolvido para infecções profundas por micro-organismos. Sendo que as cirurgias são realizadas para tratar dor discogênica ou dor causada por lesão no disco”, afirma.

O ortopedista destaca que os pesquisadores encontraram bactérias da acne nessas culturas, mas também observaram três outros tipos de bactérias. “Na ocasião, foi levantada a hipótese de ter sido por contaminação intra-operatória, o que era pouco provável pelas condições exemplares das cirurgias. Porém, a presença de acne nos discos motivou a hipótese de que essas dores lombares poderiam ser tratadas com antibióticos. Por isso, iniciaram um protocolo piloto, analisando a eficácia desse tratamento para pacientes com lombalgia crônica”, esclarece.

Lana informa que a ideia proposta é que a bactéria entra no disco vertebral quando há herniação e essa infecção leva à inflamação e ao edema do osso vertebral, provocando a dor crônica. “Essas bactérias são chamadas comensais, ou seja, vivem em harmonia na nossa pele, e provavelmente ganham acesso ao disco por bacteremia, que ocorre quando bactérias entram na corrente sanguínea como resultado de neovascularização associada com a degeneração do disco após uma hérnia”, lembra.

Nesse sentido, o especialista explica que os resultados desse protocolo piloto mostraram que os pacientes que apresentavam melhores respostas com a aplicação de antibióticos eram os que tinham tido uma hérnia de disco e alterações nas vértebras em contato com os discos afetados.