Falta de experiência e de conhecimento sobre os métodos contraceptivos; vergonha de assumir para os pais que precisam de contracepção, por já terem iniciado a vida sexual, e insegurança de exigir do parceiro o uso da camisinha são algumas das barreiras que tornam as adolescentes suscetíveis a uma gravidez não planejada. Segundo o Ministério da Saúde, em 2011 quase 25 mil meninas entre 10 e 14 anos deram à luz no Brasil, e mais de 442 mil jovens com idades entre 15 e 19 anos tiveram gestações sem qualquer planejamento. Do total de partos realizados por ano, 21,5% são de mães com menos de 20 anos, segundo levantamento do Datasus.
Dar à luz sem planejamento acarreta inúmeros problemas para a mãe e para o bebê. Para melhorar esta realidade, em 26 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência, campanha realizada em mais de 70 países da Europa, Ásia e América Latina, há sete anos, com objetivo de orientar sobre o uso de métodos contraceptivos, como o anticoncepcional, já que seu uso ainda gera muitas dúvidas nas mulheres.
De acordo com o ginecologista e obstetra José Bento de Souza, a mulher ou adolescente sempre deve escolher o contraceptivo sob a orientação do médico. “Somente um profissional pode indicar uma pílula que tenha menos efeitos colaterais, com menor taxa de hormônios e que seja mais adequada para paciente específica. Para uma paciente que tenha a pele oleosa, o médico vai escolher a pílula que vai ajudar a melhorar a pele. Para aquela que tenha fluxo aumentado, ele vai indicar a pílula que diminua o fluxo”.
Um dos principais mitos que envolvem o anticoncepcional é o de que o uso prolongado pode causar infertilidade. “Ao contrário, a pílula anticoncepcional preserva a fertilidade da mulher e diminui os riscos de desenvolver endometriose, cisto no ovário e o aparecimento de mioma e pólipo uterino. Além disso, não existe nenhuma evidência até hoje de que a pílula cause qualquer tipo de câncer. Ao tomar a pílula, a mulher fica protegida também contra o aparecimento de miomas, cistos no ovário, alguns tipos de infecção e alterações benignas das mamas”, frisa o médico.
O ginecologista lembra que é necessário tomar a pílula sempre no mesmo horário, porque a quantidade de hormônio existente nas pílulas modernas é muito pequena. “Se a usuária começar a variar o horário de tomada da pílula, além de ser mais fácil de esquecer, ela pode alterar também a quantidade de hormônio que vai inibir a formação de um folículo, interferindo, assim, na sua eficácia”, completa Souza.