Após mais de um ano de debate, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar, por unanimidade, a retirada dos cigarros com sabor do mercado brasileiro. O prazo de adequação dado às indústrias de tabaco aromatizado é de dois anos, sendo 18 meses para os cigarros e 24 meses para os demais derivados de tabaco.
De acordo com nota oficial do órgão, a norma restringe o uso de aditivos que conferem sabor e aroma aos produtos comercializados no Brasil e apenas oito substâncias não foram banidas, podendo ser empregadas nessa fase. O açúcar, por exemplo, continuará, mas com a finalidade de recompor o que foi perdido no processo de secagem das folhas de tabaco. O objetivo da ação é ter impacto direto no consumo de cigarros, buscando reduzir a iniciação de novos fumantes, já que esses aditivos tornam os produtos mais atrativos para crianças e adolescentes, afirma o diretor da Agência Agenor Álvares. O cravo e o mentol são os principais aditivos utilizados, sendo que 60% dos jovens começam a fumar experimentando cigarros com este sabor.
Outro ponto é a proibição da utilização nas embalagens de charutos, cigarrilhas e derivados de qualquer expressão que possa induzir o consumidor a interpretar equivocadamente quanto aos teores contidos em todos os produtos. É o caso de termos com ultrabaixo teor, suave, light, soft, leve, entre outros. Essas expressões eram proibidas apenas nas embalagens de cigarro, desde 2001.
Ainda de acordo com a nota da Anvisa, pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, feita com mais 17 mil estudantes em 13 capitais do Brasil, entre 2005 e 2009, aponta que 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas já experimentaram cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% deles e 52,9% delas preferem cigarro com sabor. Enquanto isso, dados do Instituto Nacional do Cancer (Inca) apontam que 45% dos fumantes de 13 a 15 anos consomem cigarros com sabor. No Brasil, o tabagismo é responsável pela morte de 200 mil pessoas todos os anos. (TM)